Por: Daniela Rocha
Empreendedores caíram na real e estão baixando preços de produtos e serviços. O objetivo é impulsionar os negócios em um momento complicado da economia brasileira, com queda da renda das famílias e alta taxa de desemprego. Dessa forma, as empresas têm se ajustado ao tamanho do bolso dos consumidores, hoje, apertado.
A rede de lavanderias 5àsec, com mais de 430 lojas, adotou uma série de promoções para fidelizar e atrair clientes. A campanha “Lave mais, pague menos” começou em janeiro e irá vigorar ao longo do ano. O uso contínuo da lavanderia ainda não é um hábito dos brasileiros – estima-se que somente 4% da população utilize o serviço com frequência.
A 5àsec oferece um plano pré-pago de lavagem e passagem de dez camisas, que pode ser usado em até dois meses, com 20% de desconto. Outra promoção é a “5 mais 1″, na qual os consumidores lavam seis peças mas pagam apenas cinco, subtraindo-se o custo da peça de menor valor. “Apostamos em soluções criativas e tecnológicas para reduzir os custos nas lojas e repassar vantagens aos consumidores”, afirma Sérgio de Souza Carvalho Júnior, diretor de expansão e marketing da 5àsec.
O setor foi penalizado com aumentos das tarifas de água e energia, então, uma das alternativas foi a negociação com fornecedores. Antes, a rede utilizava produtos importados, seguindo orientação da matriz no exterior. Porém, após reivindicar, foi liberada para incorporar às suas atividades insumos domésticos, com preços mais baixos. Para poder lançar as promoções, os franqueados foram incentivados a trocar os equipamentos que consomem muita energia por outros mais eficientes.
A rede fechou parcerias com bancos, conseguindo taxas e prazos mais favoráveis para essa substituição. As promoções garantiram resultado positivo nos primeiros quatro meses do ano, quando o faturamento avançou 1% sobre igual período de 2015. “Parece pouco, mas é um desempenho satisfatório em momento de crise acentuada no país, quando alguns concorrentes têm resultados negativos, com quedas nas vendas de até 5%”, comenta o executivo.
Na moda, a redução de preços também é visível. A Quinta Valentina, rede de franquias home-based de calçados femininos, inaugurou no início de janeiro seu novo centro de distribuição em Campo Bom, no Vale dos Sinos (RS), o maior polo calçadista do país.
Antes, a distribuição era feita a partir de outro Estado, distante dos fabricantes. Com a mudança, houve redução nos custos logísticos entre 7,5% a 10% e a empresa conseguiu viabilizar a entrada de novos fornecedores. Com isso, os preços dos sapatos caíram de 10% a 15%. “Com a nova estrutura de distribuição, alavancamos as vendas em 20%”, afirma Renato Grisi Kuyumjian, dono da marca.
Mesmo no setor de alimentos, mais resiliente à crise, os preços têm sido forte chamariz. A rede Torteria Haguanaboka, especializada em receitas caseiras de tortas doces e salgadas, em São José dos Campos (SP), decidiu apostar em combos semanais que levam uma bebida, uma salada e um pedaço de torta de sabor variado, com descontos de 10%. Além disso, a empresa não reajustou o valor de alguns itens no cardápio de inverno em relação a 2015. As sopas, os bolos de caneca e o fondue de chocolate com morango, por exemplo, não tiveram aumento. Com essas ações, o aumento das vendas foi de 10%. “Reduzimos as margens de lucro de alguns produtos”, diz Valéria Verdi, diretora da Torteria Haguanaboka.
Na capital paulista, a Choperia São Paulo, no bairro de Pinheiros, reduziu em quase 20% os preços das suas opções de almoço executivo, para R$ 29, incluindo entrada, prato principal e sobremesa. Ao fazer uma pesquisa, a empresa constatou a forte concorrência dos restaurantes por quilo. “O movimento está aumentando gradativamente, já avançou cerca de 30%”, afirma José Renato Nogueira Vessoni, dono da Choperia São Paulo.
Os buffets para festas infantis Casa X, da holding de franquias SMZTO, decidiu em março baratear os eventos. “Montamos um pacote econômico com opções de cardápios diferentes, mais simples, com salgados, doces e bebidas. Retiramos as entradinhas e as opções de pratos de almoço ou jantar”, explica Sidney Kalaes, diretor da rede. Desta forma, ficou possível contratar um evento por R$ 5 mil, em até 12 parcelas, abaixo dos R$ 10 mil a R$ 12 mil de festas, que incluem mais opções de refeições e bebidas, que eram até então as convencionais da casa. Com o pacote econômico, houve alta de 20% nas contratações dos buffets.
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A busca pela eficiência nos custos, com consequente queda nos preços ao consumidor deveria ser prática intrínseca de todas as empresas em todos os momentos da economia, não apenas nos períodos de baixa. Porém, a ganância sem fundamento leva essas empresas a praticar preços fora da realidade, garantindo um faturamento considerado adequado, mas que não leva em conta os ciclos econômicos. Se as empresas tivessem em seus radares o sobe e desce da economia, cuidariam de manter seus preços sempre acessíveis, logicamente mantendo o equilíbrio financeiro necessário para sua manutenção e crescimento. Parece óbvio, mas poucas empresas agem assim. Por isso, sofrem nos períodos de vacas magras.