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Cenário político gera incertezas às empresas e consumidores

por: Afonso Bazolli
em: Opinião
fonte: Mundo do Marketing
17 de novembro de 2015 - 18:07

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Baixa confiança no governo atual e maior atenção às questões sociais tornaram brasileiros mais críticos em relação ao dinheiro, incluindo hábitos de compras

Por: Priscilla Oliveira

Ser considerado uma das futuras potências mundiais e de repente perder o posto por questões políticas trouxe ao brasileiro um pensamento mais crítico em relação ao que se passa nas esferas econômicas e sociais. Todas as promessas de país do futuro ruíram com a recessão e especulações de um período mais difícil para a população. Com isso, os gastos no varejo diminuíram, a cesta de compras está cada vez mais enxuta e as marcas enfrentam o desafio de atrair os clientes com seus inúmeros lançamentos e promoções. Afinal, a situação do Brasil deixa população mais receosa em relação aos gastos.

Ao longo dos últimos 10 anos, a agenda de prioridades dos brasileiros mudou. Hoje, velhas demandas voltaram a ganhar espaço, mas o mindset do brasileiro não é o mesmo de uma década atrás, algo que deve ser percebido pelas empresas que quiserem reforçar suas campanhas. Segundo o relatório “Retrospectiva Pulso Brasil”, feito pela Ipsos, antes era observada uma cobrança por questões econômicas – independente de classe social – e que hoje deixou de ser pauta principal para entrar temas relevantes para toda a sociedade.

Muito desse resultado é influenciado pelo crescimento do nível de escolaridade que aumentou desde 2005 e também com a inclusão digital. “Vimos fatos históricos contribuírem para essa nova percepção. Agora existe uma redução da cobrança de qualidade de vida, voltaram os debates por economia, saúde e segurança. Saímos do mais otimista, para o mais pessimista. O brasileiro, por mais que volte a ver o Brasil com bons olhos, não será aquele que era antes”, analisa Graziela Castello, Gerente de Pesquisa da Ipsos Public Affairs, em entrevista à TV Mundo do Marketing.

Demandas sociais

As lições que a atual crise econômica deixa é de que o momento é de paciência para lidar com o cliente, que anda cada vez mais desconfiado com os rumos políticos. Ao mesmo tempo, cada nova polêmica ou operação anticorrupção torna esse indivíduo mais consciente de suas escolhas. “Essa fase que o país passou, criou uma população mais empoderada. Antes a corrupção era percebida pela classe AB, hoje todas veem e já não aceitam mais”, conta Graziela.

Apesar do cenário de desemprego estar próximo ao que era 2005, a insegurança hoje é maior por diferentes pontos de vista. Tirando questões como saúde, violência e falta de emprego, para a classe AB, congestionamento e educação são os problemas a serem resolvidos que mais os afetam, enquanto na classe C as drogas e a pobreza são os pontos cruciais. Já para quem pertence à D e E a falta de água e moradia são um dos assuntos que precisam de urgência.

Com base nessa linha de raciocínio, as companhias podem focar suas estratégias no que realmente é importante para seu público-alvo e entender onde estão suas necessidades. Ainda assim, não é garantido que a resposta será dada imediatamente. “Até o primeiro trimestre de 2016, o cenário não será agradável. Como estamos no pior dos mundos, a mentalidade atual é de que a tendência é piorar, por isso as pessoas estão mais contidas”, pontua Graziela.

O que as empresas devem fazer?

Essa percepção de economia que não vai bem começou em 2012 e em 2013 foi marcada pelas manifestações nas ruas. Houve um período de recuperação, mas que logo se perdeu com o período eleitoral de 2014. Em seguida vieram transformações em programas sociais, aumento de taxas e da inflação que fizeram suscitar um período de pessimismo em todo o território brasileiro. Apenas 8% da população acreditam que o país está seguindo pelo caminho certo, de acordo com o relatório da Ipsos, um número bem abaixo dos demais governantes.

A maré negativa, no entanto, deve começar a passar em seis meses, uma vez que a percepção é de que já estamos no fundo do poço. “Quem chega ao limite sabe que após ele as coisas começam a melhorar e é esse o pensamento que o brasileiro tem. As marcas devem ter calma e esperar o momento certo de agir. Ao longo do tempo o otimismo voltará, mas agora a sensação é de descontrole. As pessoas precisam sentir que as rédeas serão tomadas antes de voltarem a ter os mesmos hábitos de antigamente”, pontua Graziela.

De modo geral, o cenário complicado em que o governo vive deixa as empresas no escuro, porque a sensação é de a qualquer momento tudo pode mudar ou permanecer como está. “Mesmo que a situação só mude em 2018, após novas eleições, o acompanhamento do comportamento do consumidor precisa ser constante. Esse amadurecimento da população mudou a visão que ele tinha. A boa notícia é que as pessoas esperam transparência e ética das empresas, da política e de outras pessoas. Estamos construindo um país melhor e isso não se faz sem traumas”, comenta a Gerente de Pesquisa da Ipsos.

Cada vez mais as companhias deverão contribuir para a qualidade de vida das pessoas, isso porque o perfil comportamental mostra-se mais exigente. “A grande lição é essa: o brasileiro está cobrando mais e isso deve entrar no cálculo de como a marca deve se comunicar com ele. O cenário político e econômico faz com que as empresas olhem mais para população como cidadão e consumidor”, afirma Graziela.

Futuro

Com o cenário político desafiador, os planos e projetos começam a ser feitos pensando em médio prazo, com o fim do mandato da presidente. Como desta vez não haverá reeleição – e a pesquisa da Ipsos mostra que nem mesmo um possível sucessor indicado por ela possa tomar posse – a expectativa é de que em 2018 haja uma virada. Por enquanto, a taxa de reprovação segue intimidando as ações e gastos.

Como a opinião pública é a moeda de barganha do governo, ele atualmente não tem mais essa força para negociar e se reerguer. “Quando a Dilma entrou existiam áreas positivas que eram associadas a ela, hoje não existe nenhuma área positiva. Em tudo estão enxergando problemas. Isso não significa que a oposição tem garantia, porque as pessoas estão desconfiadas de qualquer um. O novo governante precisará priorizar uma agenda clara que valorize a qualidade de vida e uma gestão eficiente. Novas prioridades surgirão”, conclui Graziela.

*Com reportagem de Bruno Mello.

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