Por: Tatiane Bortolozi
Para manter o crescimento no Brasil, a empresa de call center AlmavivA teve de renegociar contratos e sacrificar parte de suas margens. A companhia sente o reflexo da desaceleração de vendas de grandes clientes do setor de consumo, como operadoras de telecomunicações, TV por assinatura e companhias aéreas, que diminuíram seus orçamentos devido a piora econômica. “Em ano de crise, a cobrança é um dos setores que mais cresceu em volume”, diz o vice-presidente Francesco Renzetti. O serviço de cobrança respondia por 13% das atividades de atendimento em 2014 e subiu para 19% em 2015.
A companhia inaugura nesta semana seu terceiro centro de atendimento em Maceió (AL). Em agosto, abriu uma nova unidade em Teresina (PI). Os dois projetos consumiram praticamente todo o investimento de R$ 64 milhões previsto para o ano. “A empresa poderia ter um plano mais ambicioso com o apoio dos bancos, mas a disponibilidade de financiamento diminuiu bastante nos últimos meses”, diz Renzetti, que divide-se entre a Itália, sede da controladora, e o Brasil.
Mesmo assim, a companhia espera crescer mais de 30% no país este ano. Renzetti conta que tem experiência em atravessar momentos de retração. “Na Itália, passamos pelo mesmo que vivemos agora no Brasil”, afirma. Os clientes cortam os serviços de call center, mas o grupo ganha com a divisão de softwares e equipamentos de tecnologia, chamada Almawave – unidade separada da AlmavivA – e com a expansão para novos mercados. Do crescimento previsto para este ano no Brasil, só metade virá da base atual de clientes.
A expectativa é encerrar 2015 com receita líquida de R$ 965,7 milhões, aumento de 37,5% em relação a um ano antes. Em 2014, o indicador registrou alta de 47%, para R$ 605 milhões.
A unidade brasileira da AlmavivA foi criada em 2006 e emprega 34 mil pessoas, com operações no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. No primeiro semestre do ano, a receita líquida avançou 47%, em comparação a igual período de 2014, para R$ 605 milhões. Em 2016, a companhia projeta alcançar R$ 1,2 bilhão.
Dois novos centros de atendimento estão previstos para o ano que vem. Cinco candidaturas de cidades paulistas e nordestinas estão no páreo. “Se eu fosse apostar, escolheria São Paulo”, diz Renzetti. Para ele, com o aumento do desemprego, o Sudeste pode voltar a se destacar, devido à mão de obra especializada disponível. “Apesar de ser conhecido como um setor de primeiro emprego, o call center também é uma oportunidade de reemprego”, destaca.
A taxa de rotatividade dos funcionários, em média de 6%, diminuiu bastante nos últimos meses, diz Renzetti. O vice-presidente atribui a mudança ao aumento das taxas de desemprego e a programas de formação e fidelização de funcionários. “Ainda não conseguimos repassar aos clientes o mesmo nível de reajuste dos salários.”
A AlmavivA Colômbia, criada com o capital da AlmavivA Brasil, busca a aquisição de uma empresa de médio porte no país vizinho. A ideia é somar o negócio a duas pequenas operações em Bogotá, para impulsionar o crescimento na América Latina, onde o Brasil permanece como o mercado mais relevante.
A empresa aposta ainda em oferta de serviços ‘não voz’. A receita com “trade marketing$ , que inclui operações de vendas, ações de marketing (como demonstração de produtos em lojas) e auditorias, deve saltar de R$ 12 milhões neste ano para R$ 45 milhões em 2016. Os clientes, em sua maior parte do setor de telecom, estão concentrados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais e algumas cidades do Nordeste. O serviço tem custos baixos e, por isso, pode ajudar a melhorar as margens operacionais.
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