Por: Ana Paula Lobo
A inadimplência chegou no mercado de TV por assinatura e muitas contas estão sendo desligadas por falta de pagamento, admitiu o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Oscar Simões. Os números não foram reportados pela entidade, sob a justificativa que as empresas do setor os consideram ‘estratégicos’. Mas o executivo diz que há novas adições, o que está equilibrando o mercado. O setor também percebe um ‘churn’, ou troca de operadoras, maior.
“Estacionar o número de assinantes em 20 milhões, como acreditamos que acontecerá este ano, é um dado até positivo. Dobramos a base de 2010 a 2014, e esse ano teremos uma parada nessa trajetória. Perdemos clientes por conta da crise, mas ainda há muito mercado para conquistar e estamos tendo novas adições”, frisou Simões, em coletiva de imprensa em São Paulo.
O executivo não teme uma concorrência ‘direta’ com a TV digital terrestre, que melhora o sinal da TV aberta. “A TV digital é complementar à TV paga. Ela não vai nos tirar assinantes. Aliás, me sinto muito feliz de dizer que um mito está caindo: que a maior parte dos clientes quer a TV paga para melhorar o sinal. A pesquisa mostra que, por dia, um assinante está dedicando três horas aos canais pagos”, pontuou o presidente da ABTA.
Simões também descartou qualquer impacto real dos OTTs na receita. “As operadoras estão reagindo e criando os seus modelos on-demand. É um mercado que está em ebulição. Muito se tem por fazer e crescer. Mas não houve perda de assinante por conta de OTT”, garantiu ainda Simões. Mas as reclamações contra as OTTs seguem em pauta. O presidente da ABTA manteve o discurso de isonomia com esses novos players, que segundo ele, não têm obrigações regulatórias para cumprir, tampouco contribuem para a economia do país.
ABTA em números
A receita operacional bruta do setor de TV por assinatura no Brasil cresceu 8% no primeiro trimestre do ano, para R$ 7,7 bilhões, comparado a igual período de 2014. O montante inclui mensalidade dos clientes, adesão, banda larga e serviços sob demanda. No ano passado, fechou com R$ 32,2 bilhões, 27,9% maior que em 2013, incluindo publicidade. O volume de assinaturas alcançou 19,7 milhões no primeiro trimestre, alta de 6,7% frente a igual período do ano passado, e de 0,4% comparado ao quarto trimestre de 2014.
A tecnologia de transmissão por satélite, ou “direct to home” (DTH), segue como responsável pela maior fatia de mercado, 60,8%, seguida por cabo coaxial (38,6%) e fibra até a casa do cliente (FTTH, na sigla em inglês), com 0,6%, sem alterações significativas nas participações. A expansão de internet em banda larga também desacelerou em termos percentuais. A base de assinantes de serviços de banda larga via cabo chegou a 7,8 milhões no 1º trimestre, um crescimento de 2,8% sobre o trimestre anterior e de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de canais pagos em HD (alta definição) saltou de oito em 2010 para 73, em 2014.
Nos dias 04, 05 e 06 de agosto, a ABTA realiza a 23ª edição da Feira e Congresso ABTA, que contará com a presença de 130 empresas e as presenças dos ministros Ricardo Berzoini, das Comunicações, Juca Ferreira, da Cultura e do presidente da Anatel, João Rezende. O evento acontecerá em São Paulo. Programação completa: www.abta2015.com.br
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