Por: Robson Sales

A Estácio criou um call center especializado em convencer um potencial interessado a se matricular na instituição de ensino. Quase cem atendentes de um call center, localizado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, estão sendo preparados para ligar em até 90 segundos para as pessoas que se inscreverem no site da Estácio em busca de informações sobre os cursos.

“Um funcionário nosso está em Uberlândia para treinar os atendentes. Esses atendentes têm um custo mais alto porque são pessoas com capacidade de convencimento maior”, disse Rogério Melzi, presidente da Estácio, que adotou essa estratégia para driblar a crise. Os professores e diretores da Estácio também foram convocados para ajudar na retenção de alunos e atrair novos estudantes.

Após a drástica redução no tamanho do programa do Fies, financiamento estudantil do governo neste ano, os executivos da Estácio monitoram a cada três horas o comportamento dos alunos e matrículas para evitar que eles desistam do curso seja por motivos financeiros ou acadêmicos. Nesse contexto, a Estácio também facilitou o acesso ao crédito universitário privado oferecido pela Ideal Invest. O aluno paga a metade do valor da mensalidade no dobro do tempo do curso, sem cobrança de taxa de juro, que é subsidiada integralmente pela Estácio.

Além disso, a companhia tem em andamento um outro programa que arca com seis meses de mensalidades daqueles alunos que tinham carteira registrada e perdem o emprego durante o curso. O programa foi criado no ano passado, quando ainda havia grande oferta de Fies e a taxa de desemprego era baixa.

Na pós-graduação, já há um acompanhamento de um call center. Do volume de pessoas que demonstraram interesse pelos cursos de pós-graduação, quase 61% efetivaram matrícula neste ano. No mesmo período de 2014, esse percentual era de 41%.

Mesmo assim, as dificuldades provocadas pela crise forçaram o corte de 15% na previsão de investimentos para o ano, que era de pouco mais de R$ 200 milhões. A Estácio precisou recorrer a financiamentos para garantir a compra de alguns equipamentos e cancelou a aquisição de alguns produtos. Na semana que vem, a Estácio divulga o balanço do segundo trimestre.

Parte do corte afetou os investimentos em inovação. “Estamos tirando um pouco o pé de algumas obras que queríamos fazer. Estamos adequando, mas as linhas mestras não pararam”, disse Melzi. “Eu não quero menosprezar o que está acontecendo, mas de modo algum esse é o fim do mundo”, disse para uma plateia formada por 1,2 mil professores. “Nós retroalimentamos a crise.” Melzi afirmou que o país já enfrentou 21 momentos de crise desde 1970, quando a Estácio foi fundada.

Em inovação, um dos principais projetos da Estácio é uma televisão interativa que reúne diversos sistemas educacionais e deverá auxiliar os alunos em sala. O “Telion” foi patenteado e deve substituir outros recursos usados em aula, como projetores. A previsão é que essa nova tecnologia chegue em todas as 5 mil salas da Estácio em no máximo três anos, mas. Segundo Melzi, a Estácio investe por ano cerca de R$ 20 milhões em tecnologia.

Além de adotar em suas salas de aulas, a Estácio já estuda uma parceria com a Samsung, empresa que produz o Telion, para a venda dessa tecnologia para outras instituições de ensino.

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