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Economia fraca atinge recrutamento executivo no Brasil

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
23 de novembro de 2015 - 18:00

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Por: Letícia Arcoverde

O mercado global de recrutamento executivo deve ultrapassar neste ano, pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, o valor de US$ 11 bilhões de receita. O crescimento vem da Europa, puxado pelo Reino Unido, Alemanha e França, que representam metade da receita da região. Já a América do Sul e Central diminuíram de 7,5% para 5,9% a participação no mercado mundial ao longo do último ano.

Essa é a análise de Brian Glade, diretor para as Américas da Association of Executive Search Consultants (Aesc), com dados da organização. Ele conversou com o Valorna semana passada, em visita ao Brasil para se encontrar com consultorias do país que fazem parte da associação.

De acordo com o especialista, a desaceleração da economia por aqui resultou em menos atividade para as empresas da área. Elas também foram impactadas pelo cenário de incerteza antes da eleição, que fez muitas empresas adiarem decisões estratégicas de contratação.

No entanto, ainda há espaço para o crescimento desse mercado, sustentado pela demanda de companhias que estão começando a usar serviços de recrutamento executivo. É o caso de empresas médias ou familiares que se profissionalizam – muitas oriundas das regiões do Norte e Nordeste – ou companhias de outros países que buscam “country managers” no Brasil.

“O país continua a ser o terceiro maior mercado na região das Américas, depois de Estados Unidos e Canadá, e ainda sofre com a falta de profissionais qualificados”, diz Glade. Para o presidente da Aesc no país, Denys Monteiro, os setores de infraestrutura, saúde, educação, “life sciences” e agronegócio estão entre os mais aquecidos atualmente.

No mundo, a Aesc reúne 300 empresas da área de “retained executive search”, as quais operam em 75 países. Em 2011, a organização montou um comitê brasileiro formado por cerca de 10 companhias que oferecem serviços de recrutamento executivo no país. Hoje esse número subiu para 25 empresas, representando 150 consultores.

“O mercado brasileiro é fragmentado. Há muitos provedores de serviços de recrutamento que não possuem a mesma qualidade”, ressalta Glade. O objetivo da criação do grupo foi justamente diferenciar as companhias que cumprem os padrões internacionais da organização. Esse trabalho, segundo ele, deve ser feito continuamente, seja por meio da conscientização das companhias clientes no país quanto pela qualificação dos profissionais que fazem parte da associação – com treinamentos a distância ou nos Estados Unidos.

A prática de “retained executive search” se configura pela relação mais longa, profunda e de confiança entre a consultoria de recrutamento e a empresa cliente, que assinam contrato antes de a busca pelo executivo acontecer. Já no mercado de “contingency search”, o pagamento é feito apenas no fim do processo, quando os potenciais candidatos são apresentados pelos recrutadores à empresa.

Glade afirma que, nos últimos anos, houve um aumento considerável na oferta de serviços mais amplos de consultoria, como “assessment”, desenvolvimento de planos de sucessão, formação de conselhos ou projetos de aumento de diversidade. “Essa é uma tendência forte nos EUA e que começa a se desenvolver no Brasil, onde mais clientes estão pedindo esses serviços”, diz.

Para o especialista, a necessidade de uma relação mais forte entre a consultoria e a estratégia dos clientes também reflete mudanças nas demandas do recrutamento executivo. O alinhamento com a cultura organizacional é cada vez mais importante para as empresas, o que exige processos mais completos e longos de “assessment” e identificação do perfil do profissional durante a seleção.

“O perfil de liderança também mudou. O executivo precisa mostrar resultados, mas a forma como ele consegue isso também é importante”, diz. A capacidade de unir pessoas, expressar uma visão e engajar os funcionários dentro dos valores e da missão da organização se tornou essencial. “Isso significa que analisar currículos não é o suficiente. Observar apenas a educação e os títulos que a pessoa já teve não mostra o tipo de líder que ele será nem como ele se encaixa na organização”, enfatiza Glade.

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