O financiamento à produção de imóveis novos ficou mais escasso e caro neste ano. Segundo o Valor apurou com fontes do setor de construção civil, a Caixa Econômica Federal afirmou a incorporadoras que não financiaria novos empreendimentos no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), além dos já contratados. O banco público também endureceu consideravelmente o crivo de aprovação de crédito para mutuários, o que dificulta que construtoras encampem lançamentos, de acordo com relatos ouvidos pela reportagem.
Nos demais bancos que atuam no setor, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, embora alguns ainda contem com recursos suficientes na caderneta para emprestar, aprovar operações também ficou mais difícil. Isso porque o risco de crédito das construtoras aumentou. Com alto grau de endividamento e estoques elevados, o segmento ficou mais arriscado. O que consegue ser aprovado está saindo a taxas maiores que no ano passado, afirmam executivos.
A restrição do crédito à produção tende a contribuir para acentuar ainda mais a queda de lançamentos de imóveis pelas incorporadoras. O mercado já esperava que este será o quarto ano consecutivo de redução do Valor Geral de Vendas (VGV) lançado, devido aos estoques elevados, ao endividamento de parte do setor e à retração da demanda.
No caso da Cabra, além de ter ficado mais seletivo nos critérios de seleção de tomadores, o banco público passa por um forte descasamento entre o desempenho do crédito imobiliário e a perda de recursos da poupança. Para complementar esse “funding”, o banco capta dinheiro usando instrumentos alternativos – como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) – que são mais caros. Por isso, o banco tem elevado taxas e se esforçado para diminuir a liberação de empréstimos.
Segundo fonte, em abril, Caixa ainda fez algumas operações de financiamento imobiliário à produção com dinheiro da poupança e trabalha com a hipótese de abrir exceções para clientes considerados mais fiéis.
De acordo com representante do setor imobiliário, alguns incorporadores têm comentado que a Caixa voltou atrás em financiamentos de projetos cuja avaliação preliminar estava aprovada. Os argumentos são de que o banco não possui recursos e que o risco aumentou.
Outra medida restritiva por parte do banco público foi estabelecer “cotas” para financiamento de novos projetos das incorporadoras, reduzindo o volume aprovado ante anos anteriores.
Além desses limites, a Caixa também endureceu a triagem de clientes. Relato ouvido pelo Valor aponta que, após lançamento recente de um empreendimento paulistano para baixa renda, as incorporadoras responsáveis procuraram a Caixa para avaliação antecipada do financiamento aos clientes. O banco público teria aprovado apenas 10% das fichas, longe do que aceitava no passado.
Procurada, a Caixa se limitou a informar que, neste ano, “a principal fonte de recurso para crédito imobiliário será o FGTS e as operações do Programa Minha Casa, Minha Vida”. “Com relação ás operações com recursos da poupança, a Caixa esclarece que realizou ajustes nas taxas e cotas das operações no último mês de abril. Assim como os demais bancos, a Caixa teve impacto da redução da captação da poupança e da elevação da taxa Selic.”
Só neste ano, a Caixa anunciou duas rodadas de aumento na taxa de juros cobrada de mutuários no crédito habitacional, elevação seguida pelos demais bancos. A partir desta semana, o banco público limitou, no caso de imóveis usados, para 50% o valor máximo.
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