Por: Carolina Mandl
Último dos bancos privados a investir no crédito consignado, o Santander concluiu ontem a criação de uma instituição voltada para o crédito consignado em sociedade com o Bonsucesso, banco mineiro de pequeno porte especializado em empréstimos com desconto direto na folha de pagamento. A sociedade, controlada pelo Santander com 60%, foi anunciada em julho do ano passado.
Batizada de Bonsucesso Consignado, a recém-criada instituição iniciará suas operações em março, com uma carteira de crédito de R$ 2,4 bilhões, segundo Gabriel Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso Consignado e acionista e ex-diretor do banco Bonsucesso. Esse estoque é resultado da transferência de empréstimos que o Bonsucesso e o Santander têm em seus próprios balanços atualmente.
A partir da sede em Belo Horizonte, o Bonsucesso Consignado comandará uma estrutura de 39 lojas, 500 correspondentes, 450 funcionários e 950 mil clientes.
É com essa plataforma que o Santander pretende disputar o mercado de crédito consignado, umas das modalidades de crédito que mais crescem no país atualmente. O consignado fechou dezembro com um estoque de R$ 252 bilhões, com expansão de 13,6% no acumulado de 12 meses.
Sem ter um braço para a distribuição do crédito fora da rede de agências, o Santander viu seu saldo de empréstimos com desconto direto na folha de pagamento encolher 15,7% no ano passado, para R$ 11,3 bilhões.
Entre os atrativos que o Santander pretende usar para ganhar o espaço detido pelos concorrentes estão a taxa de juros cobrada no crédito consignado e a comissão paga aos chamados “pastinhas”. “Teremos uma proposta de valor para os correspondentes bancários e para os consumidores”, diz Oscar Rodriguez Herrero, vice-presidente do Santander e presidente do conselho de administração do Bonsucesso Consignado.
Não será fácil, porém, ganhar mercado a partir dessa estratégia. Os recentes aumentos na taxa básica de juros, a Selic, têm tornado as margens do consignado mais apertadas para os bancos. Convênios como o do INSS, por exemplo, não mudaram o teto da taxa que os bancos podem oferecer aos clientes, atualmente em 2,14% ao mês.
Um diferencial que o banco terá em relação a seus dois principais concorrentes, Itaú Unibanco e Bradesco, é a oferta do cartão de crédito consignado, produto que grandes bancos ainda não oferecem. Em um modelo bastante similar de joint venture, o Itaú Unibanco se uniu ao banco BMG para ofertar consignado fora das agências, mas o negócio não envolveu a plataforma de cartão de crédito.
Para o cliente, o cartão tem como atrativo um limite de gasto equivalente a duas vezes o salário mensal. Do lado do Bonsucesso, Pentagna Guimarães explica que o banco ganha com a taxa de intercâmbio do cartão (paga pelo lojista toda vez que o cartão é usado) e também com a taxa de juros do crédito rotativo do cartão de crédito, caso o consumidor não consiga honrar a fatura integral no vencimento.
Herrero e Pentagna Guimarães não fazem projeções sobre o volume de operações que o banco pode acumular até o fim deste ano.
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