As dívidas no rotativo do cartão de crédito cresceram 17% no ano passado e alcançaram o valor inédito de R$ 29,8 bilhões. Essa foi a linha de financiamento que mais cresceu em termos de estoque, entre aquelas destinadas ao consumo.
O uso mais frequente desse crédito foi acompanhado pelo aumento da inadimplência, que atingiu patamar recorde de 40% em dezembro.
O crédito rotativo no cartão inclui o financiamento de parte do valor da fatura e os saques na função crédito. Essas operações representaram cerca de um terço do valor total movimentado no ano passado com cartões de crédito.
Essa modalidade é a que apresenta hoje maior nível de calote e taxa de juros no caso das pessoas físicas. Dados da Anefac (associação dos executivos de finanças) mostram que a taxa de juros nessa modalidade estava em 258% ao ano no fim de 2014.
Os dados superam, inclusive, os do cheque especial, em termos de estoque (R$ 21 bilhões), custo (200% ao ano) e inadimplência (9,5%).
Em relação às novas concessões, a procura pelo rotativo cresceu 15,3% em 2014. Essa variação é o triplo, por exemplo, do aumento nas concessões do cheque especial no mesmo período.
Segundo especialistas, o maior problema do rotativo é quando a pessoa entra por não conseguir pagar sequer o valor mínimo obrigatório da fatura. Desde junho de 2011, é necessário quitar mensalmente 15% do saldo devedor.
Esse percentual estava previsto para subir a 20%, mas o BC reviu a medida diante do aumento da inadimplência provocado na época –em três meses, esse indicador passou de 32% para 37%.
Alguns bancos oferecem juros menores para quem faz o pagamento mínimo e negocia o parcelamento do valor restante. Muitas vezes, no entanto, os juros desse parcelamento já levam o consumidor a entrar em inadimplência.
Nesse caso, são cobrados ainda multa e juros moratórios, o que encarece a dívida em mais 3% ao mês. Em todos os casos, também há incidência de imposto (IOF).
O consumidor também precisa estar atento às regras do rotativo, que variam de acordo com o cartão.
Alguns bancos cobram juros sobre o valor financiado e também sobre cada uma das compras, inclusive das novas despesas, desde a data de sua realização até o fechamento da fatura.
Nesse caso, é aconselhável deixar de usar o cartão até quitar a dívida original.
Miguel de Oliveira, diretor da Anefac, afirma que é preciso evitar a entrada no rotativo, buscando empréstimos mais baratos, como crédito pessoal ou consignado, para pagar toda a fatura.
“Nas situações em que a pessoa não consegue mais pagar o rotativo nem buscar um crédito mais barato, a opção é parar de pagar o cartão e negociar com o banco.”
Os bancos costumam oferecer o parcelamento em até dois anos com juros menores.
A especialista em finanças pessoais Myrian Lund, professora da FGV, afirma que, normalmente, quem entra no rotativo não consegue mais sair dessa dívida.
Ela também recomenda que se busque outro tipo de empréstimo para pagar o cartão. “A pessoa deve somar o que tem de dívida no cartão e no cheque especial e procurar um crédito pessoal. Vai pagar 5% [ao mês], metade do que paga nessas outras linhas.”
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.