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Setor de cartões perde fôlego em 2015

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
10 de março de 2015 - 18:03

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Embora tenha fechado 2014 com um crescimento expressivo, o mercado brasileiro de cartões já não tem mais o mesmo fôlego dos últimos anos. A desaceleração nas taxas de crescimento do segmento, fenômeno que deve se acentuar em 2015, sinaliza que nem mesmo um setor que costuma passar ao largo de soluços na economia tem conseguido resistir à queda no consumo do país.

Parte da explicação para o menor ímpeto do mercado de cartões é à redução do ritmo de inclusão financeira no país. Em anos anteriores à desaceleração econômica, foi essa componente da inclusão que ajudou a sustentar taxas mais robustas de crescimento do setor.

O mercado brasileiro de cartões encerrou 2014 com um avanço de 15% em relação a 2013, com R$ 936,02 bilhões em transações. No ano anterior, o avanço havia sido de 18,6%. A cifra foi calculada pelo Valor, a partir dos resultados das três principais empresas do setor, Cielo, Rede (ex­Redecard) e Santander, que representam juntas cerca de 97% do mercado local.

“O crescimento [do mercado de cartões] não deve ser tão expressivo quanto no passado, em consequência de uma participação já mais alta dos gastos com cartão no consumo das famílias brasileiras” , afirmam os analistas do Credit Suisse, em relatório. Na visão deles, o maior acesso da classe média a serviços financeiros e o aumento da formalidade da economia são fatores que ocorrerão mais gradualmente daqui para frente. O robusto crescimento do setor na última década também cria um desafio estatístico, o que ajuda a explicar a desaceleração.

A associação do setor (Abecs) esperava uma taxa de avanço maior para 2014, de 17,1%. Para 2015, a Cielo, maior empresa do setor, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, trabalha com a expectativa de um crescimento entre 11% a 13% neste ano. O Credit Suisse crava que o avanço ficará no piso dessa projeção. Porém, prevê recuperação da indústria em 2016, com expansão de 12,5%, seguida de uma nova leva de desaceleração nos anos seguintes.

Segundo o Credit, os gastos com cartão representaram 28,7% do consumo das famílias em 2014, devendo alcançar 38% até 2024. Com esse percentual, o Brasil ficaria mais próximo de países como França, Bélgica e Holanda. Em 2014, o volume de operações de cartões de débito cresceu mais que o de crédito. Em cartões de crédito, foram movimentados R$ 582,82 bilhões em transações, com incremento de 13,2% ante o ano anterior. No cartão de débito, foram R$ 352,96 bilhões em compras, com avanço de 17,9%.

Ao mesmo tempo em que o mercado desacelerou no fim de 2014, a competição entre as credenciadoras de cartão acabou ficando mais acirrada. Nos três últimos meses do ano passado, Cielo respondeu por 54% das compras feitas com cartão, Rede por 38,6% e Santander, 7,4%. No trimestre imediatamente anterior, essa divisão estava em 55,4% para Cielo, 38% para Rede e 6,6% para Santander.

No caso do banco espanhol, o avanço de mercado foi intensificado após o Santander concluir a compra da empresa gaúcha GetNet, com quem tinha uma joint­venture em credenciamento. A aquisição teve o objetivo de facilitar as negociações do banco com grandes clientes e começou a mostrar resultados. Segundo o Valor apurou, o banco conseguiu incluir lojas do Grupo Pão de Açúcar entre seus clientes.

Já a Rede, controlada pelo Itaú Unibanco, conseguiu reverter, na segunda metade de 2014, a tendência de perda de participação que vinha mostrando nos últimos anos. Segundo o presidente da Cielo, Rômulo Dias, a rival ficou mais agressiva em todos os segmentos, de pequenos comerciantes a grandes cadeias de lojistas. Em teleconferência sobre resultados, o executivo afirmou que a competição no setor tende a pressionar a redução das taxas de desconto cobradas de lojistas em 2015.

A dúvida, porém, é o quanto deve durar o acirramento da competição. Na visão de analistas, o menor crescimento do mercado de cartões e de empréstimos tende a pressionar os bancos ­ que controlam as credenciadoras ­ a tentar preservar a receita com tarifas trazida por tais operações. Ou seja, a competição tenderia a permanecer “racional” ao longo do ano.

Para Eduardo Nishio, analista do Brasil Plural, o acirramento da concorrência tende a ser cíclico, limitado pelo quão dispostas estão as credenciadoras a abrir mão de margem. “Hoje, a competição tem se dado muito em função de preço. Há uma tentativa de se mudar isso, mas leva tempo”. Na visão dele, o parcelado sem juros alavanca o potencial de crescimento do mercado brasileiro de cartões, que ainda está abaixo dos demais emergentes, em termos de participação no consumo das famílias.

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