Por: Ricardo Verçoza
Os meios de comunicação analógicos como a imprensa, o rádio ou a televisão, promoveram a massificação da informação para um público que era ávido por notícias. Esses meios, além de promoverem a massificação da informação, fizeram com que ela chegasse as mais diversas pessoas, já que anteriormente só quem tinha condições financeiras era favorecido. Contudo, os meios de comunicação analógicos tem como limitação em sua estrutura a pouca possibilidade de interação com o público, juntamente com a maneira de difusão (que funciona de “um” para “muitos”) e edição linear (aquela que se dá quando profissionais da comunicação decidem o que incluir ou excluir). Se nós temos como palavras de ordem neste século a participação e a colaboração, como viver sem ter voz nem poder de decisão? Difícil. Hoje, no entanto, é possível identificar que alguns destes meios tentam transpor suas limitações para se adaptar a atual realidade, mas enfrentam um feroz concorrente: a internet.
Com o surgimento e desenvolvimento da internet, a informação transformou-se e refez a relação de tempo e espaço entre os indivíduos, criando uma arquitetura hipertextual que permite associações não lineares e a navegação por formas diferentes. Tendo a internet características como a não linearidade, o imediatismo do “aqui e agora”, a tendência a heterogeneidade, uma estrutura social estabelecida em rede e a possibilidade de interatividade, as expectativas dos indivíduos são transformadas em um cotidiano permeado por conexões. Estas conexões são favorecidas pelas novas perspectivas dos sites, pelo aumento e diversificação dos blogs, pela popularização das mídias sociais e pela construção da web 3.0.
Os indivíduos presentes na internet tomam a palavra neste ambiente digital – também chamado de ciberespaço, e o transformam em uma atmosfera democrática e dialógica, em que a comunicação se apresenta mais como uma conversação do que como uma conferência. Estes indivíduos são “interatuantes”, ou seja, são capazes de selecionar seus circuitos de comunicação multidirecionais e respondem ativamente em suas redes. Logo, as relações assumem dinâmicas nunca antes vistas, e acabam por propiciar um terreno fértil para a criação de uma cultura digital.
A cultura digital vigente tem como característica fundamental a interatividade, pelo perfil de indivíduos “interatuantes”, e acaba resultando em uma alteração na forma de consumir a própria informação, os produtos e os serviços disponíveis na rede. Sendo assim, a interatividade está se tornando um conceito e uma prática cada vez mais buscada pelas empresas na hora de construir as bases dos relacionamentos com os clientes; infelizmente, algumas delas estão tendo uma visão equivocada do conceito. Interatividade não é digitar um endereço, colocar-se diante da web, começar a “navegar” e pronto! Como se a essência de seu conceito fosse uma interpretação do literal: interação física entre usuário e um objeto.
Devemos ampliar o conceito de interatividade, e para isto acontecer apresento alguns eixos:
- Os indivíduos não são expectadores, e sim usuários (produtores e colaboradores);
- A amplitude da rede faz com que surjam subgrupos dentro de um coletivo;
- A inteligência da cidadania (sabedoria das multidões) constrói o conhecimento;
- A possibilidade de apropriação e de personalização da mensagem recebida;
Conteúdos disseminados com rapidez.
Os eixos são elementos que ajudam a nortear as ações das empresas em um mercado cada vez mais competitivo, e não se encerram nestes que aqui eu apresentei. Algumas perguntas devem ser levadas em consideração com bases nestes eixos:
- Qual o perfil do meu público?
- Como ocorre a sua interação na web?
- Quais ações de colaboração com o público estão acontecendo e quais podem acontecer?
- Devo trabalhar com o benchmarking?
- De que maneiras posso mensurar o engajamento?
A partir do reconhecimento e da necessidade, as empresas, e mais especificamente os gestores, devem perceber com qual proposta vão executar o conceito de interatividade. Não é porque todo mundo faz, mas pela compreensão da constante reinvenção dos indivíduos “interatuantes” e da internet, que vem proporcionando a conexão através da arquitetura da participação. Novas relações são construídas e novos padrões de consumo estão sendo estabelecidos com o passar do tempo, e é fundamental a leitura deste contexto, que de certa forma não é novo, mas que vem frequentemente se modificando.
Reflexão:
“Quando falamos de comunicação mediada pelas tecnologias, não estamos nos referindo à mera comunicação dos indivíduos com as máquinas, e sim à interação dos indivíduos com outros indivíduos”.
Livro de referência: Conectados no ciberespaço. Organizador: Roberto Aparici. Editora: Paulinas.
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