Pesquisa revela que transações com cartões de crédito e débito chegaram a 366 bilhões em 2013 e que pagamentos móveis devem alcançar 60,8% em 2015; o Brasil é o terceiro maior país no ranking global, em termos de movimentações financeiras sem dinheiro, atrás dos Estados Unidos e Europa
A Capgemini, um dos principais provedores globais de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização, divulga os resultados da 10a edição do World Payments Report (Relatório Mundial de Meios de Pagamento), elaborado pela Capgemini e pelo Royal Bank of Scotland (RBS).
A pesquisa aponta que o volume de pagamentos sem o uso de dinheiro em espécie subiu 9,4%, chegando a 366 bilhões de transações em 20131. Esse resultado se deve ao forte crescimento nos mercados em desenvolvimento e ao uso de cartões de crédito (aumento de 9,9%) e débito (aumento de 13,4%2).
Em termos de movimentações financeiras sem dinheiro, o Brasil continua sendo o terceiro maior país no ranking global, atrás dos Estados Unidos e da Europa.
Com o contínuo crescimento de pagamentos eletrônicos (e-payments) e móveis (m-payments) e da pressão dos órgãos reguladores, o setor de serviços financeiros tenta encontrar novas maneiras de satisfazer às demandas dos consumidores.
Mercados em desenvolvimento ainda lideram o crescimento
No geral, mais de 50% do volume de pagamentos sem o uso de dinheiro vivo foram gerados nos países em desenvolvimento, apesar dessas localidades representam somente 1/4 (25,5%) do mercado total, com 93 bilhões de transações. A China ainda está relativamente atrasada em relação às operações sem dinheiro, mas sua população e taxa de crescimento sugerem que, havendo as condições certas, o país poderia, em breve, ultrapassar os Estados Unidos e a Zona do Euro nos próximos cinco anos. Atualmente, um em cada cinco usários de serviços bancários móveis (mobile banking) vive na China[1]. Além dela, a região que compreende a Europa Central, Oriente Médio e África (CEMEA) vem logo atrás, com 23,8% de aumento; seguidos pela Ásia emergente, com 22,8%, e América Latina, com 11%.
No Brasil, a taxa anual de transações sem dinheiro em espécie ficou em 13,5% entre 2008 e 2010 mas, no período entre 2010 e 2012, caiu para 8% ao ano. As operações com cheques diminuíram 7% ao ano, e chegaram a 9% em 2012. O maior crescimento no País tem sido das operações com cartões, com elevação de 17% ao ano desde 2010. O cartão de débito desacelerou, enquanto o crédito permaneceu em alta. Desde 2011, as transferências de crédito crescem 8% ao ano e, os débitos, 5%.
Em 2008, 33% das transações no Brasil eram feitas com cartões e, em 2012, esse número correspondia a 37%. A utilização de cheques caiu de 14% para 6%; já os débitos diretos subiram de 6% para 19% do total das transações sem dinheiro vivo, e as transferências de crédito de 47% para 38%.
Apesar da elevação de transações nos mercados em expansão, os Estados Unidos e a Zona do Euro ainda estão na frente, em termos de operações financeiras por habitante. A Finlândia, com 448 transações por pessoa, por ano, continua sendo a líder, registrando um aumento de 10,6% em 2012 e ultrapassando outros países da Europa e América do Norte. Os Estados Unidos aparecem com o segundo maior número de transações sem dinheiro por habitante, 376, mas a alta na região foi de apenas 2,6% em 2013.
“Os mercados em expansão continuam a crescer, registrando um aumento expressivo de 18,3% contra os 4,5% verificados nas regiões mais maduras, em 2012. Esses níveis consideráveis de crescimento, assim como as previsões ainda mais otimistas para a pesquisa do próximo ano, representam uma grande oportunidade para esse mercado. A China, por exemplo, é um país a ser observado nos próximos anos, uma vez que o relatório prevê que, mantendo-se as altas taxas atuais, o país poderia se tornar o maior mercado de transações sem dinheiro em apenas cinco anos. Essas taxas em regiões importantes pressionam o setor global de pagamentos a inovar para satisfazer à demanda dos consumidores, que cresce rapidamente”, afirma o diretor executivo da área de pagamentos do RBS, William Higgins.
Convergência dos pagamentos eletrônicos e móveis mudam as regras do jogo
O maior uso de tablets e smartphones está levando à convergência dos pagamentos eletrônicos e móveis, trazendo um novo desafio para as provedoras de serviços de pagamento (PSP). Para 2015, a previsão é que os pagamentos móveis cresçam 60,8% e os eletrônicos recuem para 15,9% por ano, à medida que mais pessoas passem a usar dispositivos móveis para efetuar pagamentos.
“O World Payments Report desse ano revelou que a maioria das provedoras tradicionais de sistemas de pagamentos já fizeram da transformação de seus métodos de processamento uma prioridade de curto prazo”, explica o diretor de vendas e marketing de serviços financeiros da Capgemini, Jean Lassignardie. “No entanto, a pressão vem tanto da concorrência como de novas iniciativas regulatórias, para que ofereçam inovações de última geração como Square, IZettle e Swift para gerar valor tangível para os consumidores. Isso requer que as empresas de pagamento desenvolvam uma visão de longo prazo para os processamentos de operações, capaz de ser executada de maneira tática por meio de projetos estratégicos, ágeis e curtos”, completa.
O relatório também cita as prioridades de médio e longo prazo para a transformação, inclusive a implementação de uma plataforma de pagamentos única e integrada (com uma base comum para pessoas físicas e jurídicas), a aplicação do conceito de centros de pagamentos (payment hubs) e a convergência de cartões como um fator essencial para viabilizar inovações voltadas aos clientes.
O setor quer atender às demandas dos consumidores
O crescimento do setor, aliado ao ritmo rápido com que surgem novos regulamentos, exige flexibilidade por parte das PSP para que se adaptem. Mais de 50% das Principais Iniciativas Regulatórias e Setoriais (KRIIs, na sigla em inglês) priorizam a inovação. Algumas delas também são importantes para reduzir os riscos, elevar a transparência e concorrência, e facilitar a padronização. À medida que essas novas KRIIs são criadas, a tendência é que elas se disseminem pelo mundo, gerando iniciativas regulatórias em todas as regiões, como pagamentos em tempo real, pressão sobre as taxas interbancárias com cartão e melhor governança.
O relatório completo pode ser acessado pelo site www.worldpaymentsreport.com
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