Por: Paulo Vasconcellos

O celular é a nova fronteira de expansão dos meios de pagamento eletrônicos do Brasil. Até 2012, apenas 2,3% das operações do sistema financeiro eram realizadas por mobile banking. Há seis anos não passavam de 0,04%. O crescimento de 223% ainda é pequeno para um país que no mesmo período saltou de 1,7 milhão para 52 milhões de smartphones, mas anima os investimentos dos bancos em tecnologia. O desafio é promover via celular o maior processo de inclusão bancária do Brasil a partir de dois dados aparentemente paradoxais: as 270 milhões de linhas telefônicas móveis e os mais de 50 milhões de brasileiros acima dos 18 anos sem conta em banco.

A lei 12.865 pode escancarar as portas da inclusão financeira com a conta pagamento vinculada ao número da linha de telefone móvel. “A conta pagamento vai multiplicar a velocidade da inovação na área de meios de pagamentos e o avanço tecnológico será só um complemento neste processo. Tecnologia nunca foi um problema no Brasil, não era o que impedia a disseminação do mobile banking, mas sim a falta de legislação”, diz Raul Moreira, do BB.

O banco lançou em novembro do ano passado, em parceria com a Oi, o BB Conta de Pagamentos para que a pessoa não bancarizada possa receber dinheiro apenas com um comunicado do depósito na conta virtual pelo SMS sem que precise abrir uma conta corrente.

A Caixa Econômica Federal dedica parte do investimento em TI ao desenvolvimento de soluções de pagamento pelo celular que contemplam a bancarização. Um dos objetivos é atrair a população que recebe benefícios sociais, mas não tem conta na instituição. Só com o Bolsa Família, que atende famílias com renda mensal de até R$ 140 por pessoa, são cerca de 50 milhões de pessoas. “Temos investimento interno acentuado para aperfeiçoar o internet banking e o mobile. A cada mês lançamos novos produtos e já estamos mudando a arquitetura para dar robustez e aumentar a oferta de produtos mais completos”, afirma Paulo Nergi, da Caixa.

No HSBC, a tecnologia já está sendo aperfeiçoada para relógios e óculos. O banco está preparado para atender o cliente mesmo que o celular dele fique sem conexão com o servidor e já negocia com o Banco Central a implantação do cheque eletrônico, que permite o pagamento e o depósito do cheque a partir da imagem do papel capturada pelo telefone móvel.

“Vamos ter uma revolução nos próximos anos, não só com o fim dos cartões plásticos e do cheque, que vão estar no celular, mas também com a inclusão bancária. Já registramos um movimento de inclusão bancária e de clientes que na abertura da conta já pedem a ativação dos canais eletrônicos”, diz Marcello Veronese, do HSBC.

“A mobilidade está trazendo uma revolução para o país e para os serviços financeiros também em termos de inclusão financeira”, diz Maurício Minas, do Bradesco, que garantiu com um acordo com as operadoras de telefonia móvel acesso grátis de celular ao portal do banco, independentemente de o cliente ter ou não plano de dados. Além disso, criou a Conta Bradesco Celular, em que a tarifa de manutenção da conta corrente se transforma em crédito pré-pago para o celular do cliente.

No Santander, um dos trunfos é a oferta de soluções que simplifiquem a vida do correntista. É o caso do Easy Taxi, um aplicativo baixado no celular que permite ao cliente chamar um táxi na Região Metropolitana de São Paulo entre 20h e 6h e pagar a corrida com o cartão de crédito Santander com desconto de 50% no valor registrado pelo taxímetro. “Estamos desenvolvendo uma solução de convergência das soluções de mobilidade que, somadas aos investimentos em projetos de modernização das plataformas e legados, irá preparar o banco para dar ao cliente uma sensação completa de multicanalidade”, diz Fernando Diaz, do Santander.

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