Por: Cibelle Bouças
O varejo de moda sofreu no segundo trimestre do ano os efeitos negativos do fechamento de shopping centers e lojas de rua durante os feriados da Copa do Mundo da Fifa e da deterioração no cenário macroeconômico. Entre as companhias do setor que operam na BM&FBovespa, Guararapes e Renner controlaram as despesas para garantir melhora em rentabilidade em um cenário difícil. Já a Hering não conseguiu reduzir custos e o resultado foi uma queda no lucro superior à queda nas vendas.
A Guararapes, controladora da Riachuelo, registrou um crescimento de 33,8% no lucro líquido frente ao segundo trimestre de 2013, para R$ 124,5 milhões. A companhia teve um aumento de 18,7% na receita líquida, para R$ 1,125 bilhão, e incremento menor nas despesas operacionais, de 13,4%, para R$ 324,8 milhões. Como resultado, o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) teve um avanço de 15% no período, para R$ 229,3 milhões.
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A concorrente Renner também obteve crescimentos de dois dígitos em lucro e Ebitda graças a um trabalho de controle de custos, associado a bons resultados em vendas no período. A companhia teve um avanço de 17,3% em receita e aumento de 15,1% nas despesas operacionais. O Ebitda ajustado cresceu 21,8%, ficando acima das expectativas do mercado. Em entrevista recente, o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Laurence Beltrão Gomes, associou o resultado ao maior controle financeiro da companhia e à melhora na gestão de estoques, com a adoção de sistemas automatizados de distribuição de produtos para as lojas.
O analista Stewart Ragar, do HSBC Global Research, classificou o resultado da Renner como “surpreendentemente forte” e estimou que a companhia apresentará desempenho superior ao de suas rivais também nos próximos trimestres, considerando sua “habilidade comprovada de lançar coleções corretas a cada estação e controlar custos”. O fato de a companhia procurar se voltar mais para um público de classe média alta – que sofre um pouco menos os efeitos do crescimento fraco da economia – também contribui para o resultado mais forte da companhia frente às rivais, na visão de Ragar.
Entre as companhias, a Hering optou por uma estratégia agressiva de preços, o que agravou o desempenho financeiro da companhia, em um momento de vendas mais fracas do varejo em função dos feriados da Copa e da desconfiança dos consumidores em relação à economia. No segundo trimestre, a varejista registrou uma queda de 16,5% no lucro líquido, para R$ 74,2 milhões. No período, a receita líquida da Hering recuou 3,7%, para R$ 419,7 milhões. As despesas operacionais, por sua vez, aumentaram 0,5%, para R$ 168,2 milhões, resultando em uma retração de 16,9% no Ebitda, para R$ 191,4 milhões.
Para a Lojas Marisa, a expectativa de analistas em relação ao segundo trimestre também era de resultados fracos. A média de seis análises projetava para a varejista uma queda de 22% no lucro líquido e aumento de 8% da receita. O balanço, divulgado por volta das 22hs de ontem, mostrou uma queda bem mais expressiva, de 69,4%, no lucro, para R$ 11,8 milhões, e aumento de 9,1% na receita, para R$ 812,5 milhões.
Renner, Guararapes e Hering estimam melhora nos resultados no terceiro trimestre, com o lançamento das coleções primavera verão e o número maior de dias úteis. Analistas do setor ponderam, no entanto, que as cinco maiores varejistas do setor respondem por 10% do varejo de moda no Brasil e os resultados das companhias abertas não refletem o desempenho do setor como um todo.
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