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02 de setembro de 2014 - 18:04

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Em entrevista à revista EXAME, o físico Andreas Weigend, de Stanford, diz que o big data avança, mas falta às empresas inteligência no uso dos dados da internet

Por: Guilherme Manechini

“Vivemos em um mundo em que criamos mais dados em um único dia do que gerávamos em todo o ano 2000. É preciso saber fazer as perguntas certas diante dessa montanha de informações”.

Essa é a opinião do físico alemão Andreas Weigend, uma das maiores autoridades mundiais em big data – termo que se refere à quantidade gigantesca de dados gerados e coletados na internet.

Weigend foi cientista-chefe da Amazon no início dos anos 2000 e hoje é professor de ciência da computação na Universidade de Stanford, na Califórnia.

O físico também é consultor de empresas como Alibaba, Best Buy e Nokia. Para ele, a maioria das companhias ainda não sabe utilizar o potencial do big data, mercado que movimenta atualmente mais de 26 bilhões de dólares por ano.

“É preciso ser criativo”, diz Weigend. O especialista desembarca no Brasil em abril, para participar do evento “Big Data Solutions”, promovido pela YouFind Solutions, que acontece no dia 8, em São Paulo. Antes de vir ao país, Weigend falou com exclusividade à EXAME.com. Confira os principais trechos da entrevista.

O que as pessoas devem ter mente quando tratamos de big data?

Andreas Weigend – Um dos pontos principais é sobre a nova maneira de interpretar o mundo. No passado, você aprendeu que era importante dar respostas da melhor maneira possível. Agora, você tem que aprender a como perguntar da melhor maneira possível.

No mundo atual, em que até mesmo em favelas as pessoas têm telefones celulares nos quais podem obter qualquer tipo de informação, o que distingue os que são bem sucedidos dos mal sucedidos é fazer a pergunta correta.

Quais empresas estão fazendo as perguntas certas?

Andreas Weigend - Acredito que a Amazon e o Google estão fazendo isso muito bem. São empresas que têm estratégias incríveis de dados. Elas sabem rapidamente se uma estratégia é ruim. Fazem as perguntas certas e conseguem as respostas em um curto espaço de tempo.

É assim que essas empresas fazem a inovação acontecer. A melhor maneira de uma empresa saber se está fazendo as perguntas certas é diante da satisfação do cliente. Na medida em que você faz isso corretamente, o mercado irá premiá-lo.

Mas quando seu modelo de negócios não consegue satisfazer seus clientes, o mercado irá penalizá-lo. Isso, em geral, é fruto de um questionamento equivocado.

Quais setores ou companhias deverão se beneficiar mais do big data?

Andreas Weigend - Para uma empresa lidar bem com o big data, o mais importante é não tratar o seu cliente como inimigo. Algumas empresas enxergam seus clientes como se fossem adversários. A Amazon, por exemplo, tenta ajudar genuinamente o consumidor a tomar a melhor decisão.

Por exemplo, se você estiver prestes a comprar um livro que já adquiriu anteriormente, a Amazon irá lhe alertar e perguntar se tem certeza de que quer comprar novamente. O Skype é outro exemplo. Quando o seu crédito esta prestes a expirar, o programa recomenda que você faça ligações ou envie mensagens para não perder seus créditos.

São exemplos de estratégias corretas, independentemente do setor de atuação. Outras empresas não têm o mesmo cuidado. Então, resumindo, as empresas que vão ser bem sucedidas são as mesmas que ajudam as pessoas a tomarem melhores decisões com base em seus próprios dados.

As empresas estão conseguindo analisar essa grande quantidade de dados?

Andreas Weigend - A maior parte não. No passado recente, os dados eram muito esparsos. Hoje, vivemos em um mundo em que criamos mais dados em um único dia do que gerávamos em todo o ano 2000. Isso significa que precisamos de competências diferentes para lidar com essa nova realidade.

E quando falo em ensinar as pessoas a trabalhar com dados, não estou falando de matemática ou estatística, mas sobre como interpretá-los para que façam as perguntas pertinentes.

O big data pode ser usado por qualquer tipo de empresa?

Andreas Weigend - Sim, mas elas precisam ser criativas. Precisam ter ideias sobre como aproveitar esse grande volume de informações. O big data pode se transformar num tomador de decisões.

Quando estou em um táxi indo para o aeroporto e o motorista utiliza o Google para traçar a melhor rota, esse é um exemplo de como o big data está presente na vida das pessoas – e como pode se transformar em um tomador de decisões.

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