Por: Marco Tulio Zanini
Sou engenheiro, tenho 38 anos de idade e passei os últimos quatro no cargo de coordenador de projetos de uma grande empresa do setor. Por conta de uma reestruturação interna, fui demitido há cerca de três meses. Desde então, aproveitei para tirar férias e ficar um pouco mais perto dos meus filhos, ainda pequenos. Voltei a procurar emprego faz pouco tempo e recebi o convite para liderar um projeto de um ano em outro Estado. Pensei em aceitar para me manter ativo no mercado e pelo bom salário oferecido. Por outro lado, esse não é o tipo de trabalho que gostaria de fazer agora. Fico pensando que oportunidades mais interessantes – que vou ser obrigado a recusar – podem surgir durante esse período, e também não gostaria de ficar longe da família. Ao mesmo tempo, minha situação financeira não permite ficar esperando o “convite ideal”. O que devo fazer?
Engenheiro, 38 anos
Resposta:
A vida muitas vezes nos coloca em teste e é preciso não criar fantasias que nos afastem do desafio do crescimento pessoal e profissional. É importante também revisitar nossos valores e buscar compreendê-los de forma mais ampla. Estar perto da família é obviamente um valor para você, mas isso pode significar furtar-se a contribuir de forma mais efetiva.
Em uma situação como a sua, a escolha me parece estar entre prover e dar segurança para os seus ou dar-lhes o benefício da presença do pai, sempre importante, sem dúvida. Estar perto pode significar, em situação de fragilidade financeira, forçar a mãe das crianças a buscar complementar a renda. A sua presença pode se dar em detrimento à dela. Há uma escolha a ser feita em conjunto levando o maior benefício das crianças em conta.
Falando agora da sua carreira: em reestruturações a empresa busca reter os melhores talentos. Mesmo quando uma área se fecha, faz-se um esforço para reter aqueles que são percebidos como mais valiosos para a organização. Reflita sobre a sua pergunta de forma mais ampla. Você aceita os desafios que a vida te coloca e busca dar o seu melhor quando oportunidades se abrem, ou vive na expectativa de uma situação ideal onde seus desejos e necessidades pessoais sejam realizados e haja mais “felicidade” no trabalho?
Sucesso profissional está ligado ao desejo (o que você quer fazer), ao quanto você está disposto a sacrificar e a como você se organiza para contribuir com o que tem valor para os outros. Crescer, pessoal e profissionalmente, pressupõe a maturidade para construir uma relação de interdependência com os demais.
A presença em casa precisa ser pensada dentro do contexto familiar, em relação à sua esposa, ao suporte que ela precisa para prover para as crianças e às formas de garantir que as mesmas cresçam com segurança e afeto. O trabalho fora do seu Estado aumenta as chances de garantir isso ou ameaça essa possibilidade? O quanto a fragilidade financeira desse momento destrói mais do que contribui para a sua família? O quanto a sua presença ajuda nesse contexto?
Enquanto o “pássaro voando” do convite ideal não aparece, por que desperdiçar a oportunidade do “pássaro na mão”? Essa não pode ser a oportunidade que você precisa para entrar novamente no mercado de trabalho? É sempre mais fácil encontrar colocações melhores quando se está trabalhando do que quando estamos fora do mercado. O quanto esse convite não é um desafio para você testar a sua capacidade de fazer escolhas difíceis e sair da zona de conforto? Quais são as oportunidades embutidas nele?
Sua pergunta me lembra a passagem bíblica de José do Egito: traído e vendido pelos irmãos, preso pelo Faraó, submetido a inúmeras situações difíceis, vence por fazer o melhor que podia em cada situação cotidiana em que se encontra. Busca entregar o seu melhor com nobreza de propósito. Deus está com ele porque nele há a virtude de entregar o seu melhor nas situações concretas que a vida apresenta, e não esperar uma situação ideal. Reflita sobre isso e vá em frente!
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