Por: Caio Zinet
Nos últimos anos, o crédito consignado se tornou a principal aposta dos grandes bancos por ser uma linha considerada de baixo risco de inadimplência. Os últimos dados divulgados pelo Banco Central (BC), no entanto, mostram que o ritmo de crescimento entre os trabalhadores do setor privado foi praticamente a metade do que entre servidores públicos e beneficiários do INSS.
Para especialistas ouvidos pelo DCI, os bancos apesar de considerarem o consignado um grande negócio ainda preferem oferecer outras linhas mais rentáveis para trabalhadores do setor privado. Pelo baixo índice de calotes, os juros cobrados são menores no consignado, do que no crédito pessoal, por exemplo. Dessa forma, a margem financeira compensa a inadimplência.
O professor da Fipecafi, Sílvio Paixão, fez uma simulação para demonstrar essa diferença. Nesse exemplo, a taxa de juros do crédito pessoal é de 60% ao ano (a.a.) com uma taxa de inadimplência de 10%. O retorno hipotético para o banco seria de 50% do valor emprestado ao cliente. Na hipótese do consignado, a taxa de juros é de 26% a.a., com uma inadimplência de apenas 1%. Nesse caso, o retorno para o banco da quantia cedida ao tomador é de 25%.
Isso explicaria porque o crédito consignado cresceu 18,5% no acumulado até novembro de 2013 ante os 12 meses anteriores, entre os servidores públicos, 17,9% entre os beneficiários do INSS e 10,8% entre os trabalhadores do setor privado, segundo dados do Banco Central (BC).
“Os bancos, sobretudo os privados, muitas vezes preferem conceder outro tipo de crédito que não o consignado, especialmente para aqueles que não têm tanta familiaridade com essa linha”, afirmou Sílvio.
O crédito consignado é uma linha que há alguns anos era feita principalmente por pequenos e médios bancos como o BMG e o Paraná e pelos grandes públicos de varejo. Os servidores públicos eram o setor que mais acessava esse tipo de crédito, principalmente pela maior estabilidade de renda em relação aos trabalhadores do setor privado. Em 2011 houve um aumento grande da inadimplência e os grandes bancos procuraram linhas mais seguras. A partir daí que as grandes instituições privadas começaram a priorizar o consignado, realizando inclusive, parcerias como no caso do Itaú Unibanco com o BMG no final de 2012.
“Qualquer banco que quiser ganhar fatia de mercado em relação a sua carteira de crédito tem que expandir o consignado”, afirmou o economista da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
Apesar disso, a prioridade dos bancos dentro desse segmento parece ser mais os aposentados e os servidores públicos do que os trabalhadores do setor privado. “Já existe uma cultura entre as pessoas que trabalham no setor público de contratar o consignado. Os bancos grandes entraram com peso nessa linha para ocupar esse nicho e o de aposentados pelo INSS”, afirmou Sílvio.
“Para os trabalhadores privados me parece que em primeiro lugar os próprios bancos estão direcionando os clientes para outras linhas mais rentáveis o que é mais fácil porque a cultura de contratar o consignado é menor entre nesse setor”, completou.
A explicação para o alto crescimento do crédito consignado entre os aposentados é que muitos ainda sustentam suas famílias. Para dar conta dessa tarefa, eles precisam tomar empréstimos no banco e essa linha, pelos juros mais baixos, é a preferida.
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