Por: Sofia Esteves*
Sou formada em ciências contábeis e recentemente iniciei um MBA em negócios internacionais com alguns módulos no exterior. Tenho seis anos de carreira como auditora contábil em instituições financeiras e seguradoras e, mais recentemente, como consultora financeira de fusões e aquisições. Em ambos os casos, atuei por meio de grandes e reconhecidas firmas de auditoria e consultoria. Acho todo o processo e os treinamentos excelentes nessas empresas, embora o foco seja bastante contábil e limite as opções do profissional no mercado. Desse modo, busquei aprimoramento em ‘consulting’ e acredito ter melhorado. O problema é que esse setor se mostrou extremamente competitivo, com colegas que fazem de tudo para ter os melhores projetos e oportunidades. Me sinto mais a vontade em ambientes colaborativos e acredito que uma posição estratégica e de planejamento seria ideal. Estou considerando cursar um MBA de forma integral nos Estados Unidos para me especializar e poder disputar cargos mais altos no Brasil e no exterior. Será que esse é o melhor caminho?
Consultora financeira, 26 anos
Resposta:
Com certeza um MBA nos Estados Unidos poderá trazer muitas oportunidades em aprendizado, experiência e networking. Como se trata de um alto investimento de tempo e dinheiro, é importante que você faça um planejamento pessoal e financeiro para isso, considerando inclusive um prazo para voltar ao mercado de trabalho após o término do curso.
A escolha da instituição também é importante para que você tenha um diferencial ao retornar ao Brasil, ou mesmo continuar fora. O MBA não é uma garantia ou passaporte para alcançar cargos mais altos, mas pode ser um começo e vai ampliar suas perspectivas e sua visão de negócios.
Para aproveitar melhor o curso, verifique as exigências e perfil da classe. Possivelmente os módulos que você já cursou no exterior devem ter te dado um gostinho de como seria essa experiência e podem trazer as respostas que faltam para decidir se um MBA integral deve ou não entrar no seu plano de carreira.
Entretanto, você escreveu que o seu foco é atuar em ambientes mais colaborativos e acredita que posições estratégicas e de planejamento sejam as ideais. Isso não está relacionado à posição, cargo ou função. Colaboração e trabalho em equipe podem ser a cultura de determinada empresa, segmento ou negócio, mas o que de fato torna um ambiente colaborativo são as pessoas. A começar por você.
Cargos mais altos ou de planejamento não vão te blindar da competitividade, disputa por projetos e outros conflitos. Pelo contrário, quanto mais alto o cargo, maior o número de pessoas com quem você terá que lidar – e cada uma delas tem seus próprios interesses.
Em qualquer lugar você encontrará todos os tipos de pessoas: as mais colaborativas e as que estão mais preocupadas com o seu desempenho individual, as que querem construir algo conjunto para obtenção de resultados comuns e aquelas que poderão ter alguma atitude indevida por se sentirem ameaçadas. E muitas pessoas não fazem isso por mal.
No início da carreira, por exemplo, os profissionais ainda carregam o modelo mental da vida de estudante, momento em que precisavam ser os melhores para passar no vestibular e se inserir no mercado. Quando chegam ao mundo corporativo, de fato, levam um tempo para mudar esse modelo e perceberem que, agora, precisam contar com as pessoas e também ajudá-las a alcançar resultados. Ou seja, cabe a você “procurar a sua turma”, formar alianças e vínculos de confiança com as pessoas que estiverem ao seu lado, independentemente do cargo que ocupem.
Na busca por uma oportunidade, segmento ou empresa que tenha a sua cara, é importante avaliar os desafios que você irá encontrar. O processo seletivo pode e deve ser uma excelente oportunidade para saber se a empresa está alinhada aos seus valores, crenças e objetivos de vida. Conversar com as pessoas que trabalham ou trabalharam na organização também ajuda.
Além disso, as redes sociais podem dar algumas pistas sobre as empresas. O que você não conseguir saber por esses meios deve ser perguntado ao recrutador. Boa sorte e lembre-se: o comportamento colaborativo do outro começa pelo seu.
*Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do grupo DMRH
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