Por: Murillo Camarotto
A operadora de call center Datamétrica, sediada no Recife, está investindo R$ 15 milhões para ingressar no segmento de recuperação de crédito. A empresa se uniu à paulista MBM, que tem 12 anos de atuação no segmento de cobrança, para lançar a Datamétrica Gestão de Risco. Os primeiros contratos já foram fechados e a empresa pretende chegar a pelo menos 600 posições de atendimento já nos próximos seis meses.
A aproximação entre Datamétrica e MBM foi intermediada pelo engenheiro Victor Loyola, que até julho do ano passado era vice-presidente da área de risco do Citigroup no Brasil. Ex-colega de Loyola no banco americano, Fernando Musolino adquiriu em 2011 a MBM e estava em busca de sócios para expandir o negócio. Loyola também conhecia Guilherme Prates e Frederico Soares, que foram diretores da Contax – empresa de call center controlada pela Oi – e hoje são sócios da Datamétrica
Feitas as apresentações, todos se associaram ao economista pernambucano Alexandre Rands, que há 18 anos fundou a Datamétrica. O braço de cobrança da empresa chega para disputar um mercado ainda muito pulverizado, que os empresários estimam girar em torno dos R$ 6 bilhões por ano, com crescimento ao ritmo de 20% anuais.
A principal aposta do grupo é a crescente exigência dos bancos e financeiras por serviços de cobrança mais profissionalizados. Geralmente, o setor se divide entre os grandes call centers – que fazem a cobrança de dívidas vencidas, em média, em até 120 dias – e as firmas especializadas, normalmente extensões de escritórios de advocacia, que cobram na chamada faixa alta de atraso, como são chamados os valores que já foram baixados como prejuízo por bancos, varejistas e operadoras de telecomunicações, entre outros credores.
“Vamos aproveitar a expertise dos novos sócios, que já estiveram do outro lado do balcão, na área do risco do Citi, para, aliado à escala que a Datamétrica dispõe, oferecer um serviço que possibilite a maior recuperação possível com custos menores em todas as categorias de cobrança”, afirmou Rands.
A Datamétrica conta atualmente com 1,9 mil posições de atendimento, muito pouco se comparado aos mais de 300 mil pontos em todo o país. Há, no entanto, um interesse crescente do setor pela região Nordeste. A explicação está, basicamente, nos menores custos da operação.
Pelo mesmo salário oferecido no Sudeste, o setor consegue atrair no Nordeste o interesse de profissionais com maior grau de capacitação, visto que a região oferece um leque bem mais restrito de oportunidades de trabalho formal. “Além disso, essas pessoas ficam mais tempo no emprego do que a média de outras regiões, o que também se reflete na qualidade do atendimento e, consequentemente, no volume de recuperações”, acrescentou Rands.
Apesar da desaceleração da oferta de crédito no país e da melhora gradual nos índices de inadimplência, os sócios acreditam que o mercado de cobrança seguirá aquecido. “A relação nem sempre é direta. Muitas vezes a oferta de crédito diminui, mas é um crédito de melhor qualidade em termos de possibilidade de recuperação”, explicou Loyola.
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