Curiosidade, carisma, dinamismo – e disposição para trabalhar 12 horas por dia. É a vida daqueles que caçam os melhores dos melhores do mercado
Por: Suzane G. Frutuoso
Sabe aquele presidente de empresa que você admira pelas competências e realizações? Talvez ele só esteja em posição de destaque porque entrou na mira de um profissional especializado em descobrir os melhores entre os melhores do mercado. O headhunter é um recrutador de executivos. Hoje, não mais apenas de altos cargos, como presidentes. Mas também de funções como gerentes e diretores.
Seus clientes estão nas duas pontas: empresas que precisam de gente competente e gente competente que deseja novos desafios com remunerações à altura. Para convencer o candidato a aceitar uma oferta ou a corporação a acolher a indicação de quem seria a pessoa ideal para um cargo, o jogo é duro. “É necessário um perfil polivalente e expertise”, diz a headhunter Thais Pegoraro, gerente do escritório do Rio de Janeiro da consultoria Michael Page.
Habilidade para negociar, dinamismo, curiosidade, carisma, boa comunicação, manter o networking ativo, saber transitar entre diferentes meios e não dar a mínima para a rotina. É o que se espera do headhunter. Boa formação, independentemente da área, e conhecimento de línguas estrangeiras também. Inglês é fundamental. Parte das entrevistas de seleção é no idioma.
Toda e qualquer atividade social vira trabalho. “Já avaliei candidato em churrasco de domingo”, diz Thais, de 34 anos. Advogada de formação e headhunter há quatro anos, ela foi convidada a experimentar a atividade por um amigo com quem praticava corrida. “Tenho prazer em conhecer pessoas novas e criar estratégias de negociação. A possibilidade de viver essa diversidade me encanta.”
Mais do que profissão é estilo de vida. Até hobby é considerado na hora de entrar para um time de headhunters. “Não conheço nenhum que não tenha uma paixão e enfrentado desafios, sejam esportivos, acadêmicos ou profissionais, alcançando bons resultados”, diz Thais. Com a quantidade de relações e eventos diários, se tem uma coisa que headhunter precisa é de assunto. “Aí, entram conhecimentos, viagens, hobby, entre outras experiências que entretenham e conquistem confiança.”
Cafés da manhã, almoços, jantares. Entrevistas com candidatos antes ou depois dos horários de expediente normal (afinal, o processo é sigiloso). Consolidação das informações levantadas para repassar relatórios aos clientes. Acompanhamento de seleções que duram em média 45 dias, mas podem chegar a seis meses. São 12 horas de trabalho diárias, sem contar a constante possibilidade de viagens.
O mercado de headhunting no Brasil ainda tem muito a crescer. Na Europa, 70% das vagas em empresas são conduzidas por esse tipo de processo. Aqui, fica em torno de 30%. É um segmento em aperfeiçoamento. A remuneração é calculada em cima de porcentagens do salário bruto anual do contratado, variando entre 10% e 50%, dependendo da empresa e do cargo.
E se o headhunter vasculha a vida daqueles que precisa indicar, o princípio é o mesmo quando a análise é para escolher novos recrutadores. Redes sociais passam por um pente fino. Fotos expositivas acendem o sinal amarelo. “É importante ser cauteloso com a imagem, manter a reputação e agir com ética”, diz Thais. Não existem cursos para a atuação. Apenas treinamentos interno nas próprias consultorias com recrutadores mais experientes. É fazendo que se aprende.
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