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Em São Paulo, BMG tenta se ‘reinventar’

por: Afonso Bazolli
em: Notícias
fonte: O Estado de S.Paulo
15 de janeiro de 2014 - 19:43

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Por: David Friedlander

Machucado pelo envolvimento no escândalo do mensalão, de um ano para cá o banco BMG vem passando por uma plástica completa. Primeiro, tornou-se sócio do Itaú numa nova instituição, focada no crédito consignado. Na sequência, a família Pentagna Guimarães saiu de cena e contratou dois executivos de nome no mercado para tocar o banco. Agora, a última etapa da mudança de identidade: depois de 80 anos em Belo Horizonte, o BMG muda hoje sua matriz para São Paulo.

O BMG escolheu um dos edifícios de escritório mais imponentes da cidade, na avenida Brigadeiro Faria Lima, ao lado dos bancos mais importantes do País. Quer se apresentar ao público e ao mercado como uma empresa renovada, voltada para o futuro e distante daquele banco que teve problemas com a Justiça por conta da ligação com o PT e com as empresas de Marcos Valério.

A partir de São Paulo, o BMG pretende se lançar num projeto de diversificação. A meta é pular, no espaço de três anos, do 13.º para o 10.º lugar no ranking dos bancos – medido pelo volume de operações de crédito. Para isso, a instituição, que é líder no segmento de crédito consignado entre os bancos privados, vai apostar em outras três frentes: empréstimos a empresas, cartões de crédito e financiamento habitacional.

“Crescer no ranking não é fácil, sabemos disso. Tem muita gente forte na frente e outro grupo logo atrás querendo nos ultrapassar “, afirma Antonio Hermann, presidente do banco contratado em novembro do ano passado, quando os controladores decidiram profissionalizar a instituição.

Junto com ele chegou Alcides Tápias, um dos executivos mais respeitados do mercado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, para presidir o conselho de administração do BMG.

Lucro. Até agora, o plano traçado pela instituição parece caminhar bem. O banco anunciou lucro de R$ 223 milhões no segundo trimestre do ano, seu recorde para o período. A associação com o Itaú abriu as portas de outras instituições, o que ajudou a reduzir o custo de captação do BMG – o drama de todo banco de médio porte. A própria mudança para São Paulo, que já estava nos planos desde a profissionalização, foi antecipada em cerca de seis meses graças a um negócio de ocasião, provocado pela derrocada de um concorrente.

A nova sede foi montada em um andar e meio do Pátio Victor Malzoni, um dos prédios de escritórios mais caros de São Paulo, onde já estão o banco de investimento BTG Pactual e o Google. Esse imóvel estava alugado para o banco BVA, que já tinha tudo pronto para mudar quando sofreu intervenção e depois foi liquidado pelo Banco Central.

O BMG alugou a área e comprou os móveis, os computadores e todos os aparelhos deixados para trás pelo BVA. Ali serão acomodadas cerca de 600 pessoas, até então instaladas em Belo Horizonte e na filial de São Paulo, na região da avenida Paulista. “Estamos melhorando a estrutura e agora vamos desenvolver outras atividades”, afirma Tápias.

Planos. Das três apostas para o futuro, a operação no segmento de financiamento habitacional é a única que vai começar do zero. No ramo de cartão de crédito consignado (com desconto direto na folha de pagamento), o banco já tem uma carteira de R$ 1 bilhão e cerca de 700 mil usuários, e pretende dobrar esses números até 2015.

E a expansão da operação de empréstimo a empresas, que já era tradicional no banco, começou pelo avesso. Essa carteira passou por um processo de depuração, que reduziu seu volume de R$ 2,5 bilhões para US$ 1 bilhão. “Agora essa carteira está sadia e pronta para crescer. Mas sem pressa, porque a situação (da economia) é delicada”, afirma Hermann. A meta é chegar aos R$ 3,5 bilhões em financiamento a empresas até 2015.

Para um banco que até o meio do ano passado estava sendo negociado com o Bradesco e com o BTG Pactual, é um progresso e tanto. A família Pentagna Guimarães queria continuar no negócio, mas enfrentava uma crise de liquidez que também afetava outras instituições de médio porte. Foi aí que surgiu o Itaú, com uma proposta diferente: em vez da compra, ofereceram uma parceria.

A intermediação foi feita por Hermann e Tápias, que são sócios numa empresa de consultoria. Essa parceria tornou-se a âncora da tentativa de reinvenção do BMG. “Está dando certo. É gostoso ser sócio do Itaú”, diz Hermann.

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