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Inadimplente negocia melhor

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
29 de agosto de 2013 - 18:03

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As práticas e restrições impostas pelas instituições para a renegociação de dívidas estão levando muitos devedores a optarem pela inadimplência. Só como inadimplentes eles estão conseguindo negociações com reduções que valem a pena. “Aqueles que querem pagar estão optando pela inadimplência para mais tarde tentar negociar em outras bases”, diz Vera Lúcia Remedi Pereira, da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo (Procon).

“Só está conseguindo renegociar aquele consumidor que deixou de pagar ou renegocia o contrato com juros menores e uma extensão nas parcelas. O Procon defende uma forma de as pessoas poderem quitar suas dívidas sem ficarem inadimplentes. Hoje os bancos oferecem descontos acentuados, de até a 80%, mas só para quem está nessa situação”.

Foi o que aconteceu com o matemático Antonio Alves – o nome é fictício – que acumula uma dívida de R$ 86.772,25 em dois bancos e que está com 84,03% do seu salário comprometido. Em 16 de agosto, Alves participou de uma audiência de conciliação com os dois bancos mediada pelo Procon. “Nenhum dos credores baixou a dívida e ele saiu sem acordo algum. A alternativa foi fazer a portabilidade do salário para outra instituição, que agora só poderá reter os 30% referentes ao empréstimo consignado. Com isso ele passa a ficar devedor e, quem sabe, os bancos aceitem renegociar em outras bases”, comenta Vera Lúcia.

Alves trabalha em uma multinacional de informática, tem 50 anos e salário líquido de R$ 14.000,00. Igual a ele – diz a assessora do Procon – existem muitos. “Há pessoas devolvendo o carro ou se tornando inadimplentes. São da classe C e D, mas muitos da classe média, com curso superior e salário de R$ 3 mil a R$ 8 mil. São professores, policiais, gente de muitas profissões. Em geral, as pessoas estão com rendimento totalmente comprometido sobrando, por exemplo, R$ 800,00 para sobreviver”, detalha.

O matemático passou a “perder o controle” de suas finanças quando comprou um imóvel e comprometeu 51,6% dos seus rendimentos em um banco. Com dificuldades, ele contraiu outro empréstimo num segundo banco, comprometendo outros 32,08% do seu salário. Hoje a dívida passa dos R$ 86 mil. (RC)

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