Em 2012, dez empresas se associaram à entidade setorial no País, alta de 23% ante 2011
Por: Patrícia Basilio
Após registrar estabilidade nos últimos quatro anos, o setor de venda direta voltou a crescer em 2012. Dados levantados pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) a pedido do iG mostram que de 2008 a 2010 havia 45 empresas cadastradas na entidade.Em 2011, 46. No ano passado, contudo, dez novas empresas se juntaram ao grupo, totalizando 56 associadas —um aumento de 23% em relação a 2011.
Em termos de volume de negócios, em 2011 o setor fechou com R$ 27,2 bilhões, ante R$ 25,8 bilhões em 2010. Os dados de 2012 ainda não foram divulgados, mas, segundo Roberta Sayuri Kuruzu, diretora-executiva da entidade, serão marcados por um crescimento acima da inflação.
“A desaceleração da economia não afetou as vendas diretas porque as empresas cresceram mais nesse canal do que nos outros. É justamente quando a economia do país não está bem que o setor de venda direta cresce porque é quando mais gente recorre ao modelo para ter uma renda extra”, explica a diretora. Com o maior número de empresas associadas, o crescimento do setor também deve ser maior que o dos anos anteriores.
A adesão de novas empresas ao segmento, detalha Roberta, se deve à necessidade de expansão de grandes redes, como Marisa e Polishop, que aderiam ao modelo nos últimos dois anos. “Essas redes têm um número muito grande de lojas e não têm mais para onde expandir. A venda direta veio como alternativa para elas aumentarem as vendas para cidades de difícil expansão”, diz Roberta.
A peruana Belcorp é uma das dez empresas que aderiram ao modelo de venda direta no ano passado. Em 16 países, a marca do setor de beleza decidiu ingressar no Brasil devido ao crescimento das classes C e D. “O País [Brasil] é o projeto mais importante da Belcorp no mundo”, destaca Claudio Eschecolla, diretor-geral da empresa no Brasil.
Com 50 mil consultoras no País, a companhia prevê faturar R$ 400 milhões até 2015 e ter um crescimento de três dígitos esse ano.
Foi no período de estabilização do setor de venda direta que a americana MonaVie, empresa de bebidas nutricionais, se lançou no mercado brasileiro. Nova no País e com poucos produtos à venda, a “empresa quase quebrou”, afirma Eduardo Frayha, diretor geral da MonaVie.
No ano passado, contudo, a marca começou a recuperar as perdas e registrou crescimento de 167% em relação a 2011. “Tentamos trabalhar o estilo norte-americano no Brasil e não deu certo. Descobrimos que temos que criar nossa própria identidade”, destaca o executivo.
Nova no ramo de venda direta, a Polishop, empresa que comercializa engenhocas criativas e inovadoras pelo telefone, lojas físicas, site e televisão, passou a contar também com consultores, chamados de empreendedores, para vender os produtos porta a porta desde 2011. Hoje, há 65 mil deles em todo o País.
A aposta no setor veio a partir da própria estratégia da empresa de ser multicanal, explica João Appolinário, mentor e dono da rede. “É uma estratégia que faz parte da nossa própria cultura: estar o mais próximo possível do cliente”, explica.
Com 1.500 itens a venda — todos com o mesmo preço nos diversos canais —, a empresa espera ter um crescimento de 120% apenas no modelo porta a porta. E de todos os produtos divulgados na revista “Polishop com Você”, usada pelos consultores, o PoliEnergy, energético de frutas com nanotecnologia, é o mais vendido.
“Cada produto tem sua preferência de canal. Enquanto o energético é o líder na venda direta, os eletrônicos lideram as escolhas nas lojas físicas. Cada meio de venda tem seu perfil”, destaca o executivo.
Recém-lançada no ramo de venda direta, a Marisa começou neste mês o programa “Agora a Marisa está onde você estiver”, que complementa a loja virtual e as cerca de 370 lojas físicas da rede.
O objetivo do canal, segundo Marcel Szajubok, responsável pela área de venda direta da Marisa, é aproximar os clientes de forma mais pessoal, oferecendo produtos e consultoria de moda e estilo porta a porta.
O projeto piloto conta com 700 consultoras e abrange os Estados de Goiás, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Tocantins e São Paulo, além do Distrito Federal. A expectativa é que até o fim deste ano a rede tenha 70 mil revendedoras e, em cinco anos, o canal fature aproximadamente R$ 500 milhões.
“Com a consolidação desta malha de consultoras, a Marisa está preparada para atender sua cliente no Brasil todo, onde ela estiver”, afirma Szajubok.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.