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Calote em banco público supera o de privado, diz estudo

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: O Estado de S.Paulo
08 de maio de 2013 - 23:51

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Conclusão de pesquisador da FGV contraria números divulgados pelas instituições, que apontam situação oposta; BB e Caixa contestam

Por: Leandro Modé

Os balanços dos bancos relativos ao exercício 2012 deixaram uma dúvida no ar: por que a inadimplência das instituições públicas encerrou o ano em níveis tão inferiores aos dos bancos privados, levando em conta que as primeiras foram muito mais agressivas na concessão de crédito?

Um trabalho elaborado pelo economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, indica que a resposta está na composição da carteira de empréstimos de cada grupo de instituições. Mais: o levantamento mostra que os índices de calote nos bancos públicos são mais elevados.

Fazendo a ressalva de que não se trata de duvidar da veracidade dos dados dos bancos públicos, Pessôa explica a hipótese sobre a qual trabalhou. O crédito no Brasil é composto por recursos livres (de mercado) e direcionados (dinheiro do governo voltado para algum segmento específico, como, por exemplo, empréstimos imobiliários).

Historicamente, a taxa de inadimplência no crédito com recursos direcionados é bem inferior à taxa com recursos livres. Como os bancos públicos têm em suas carteiras um peso maior de crédito direcionado, a conclusão de Pessôa é de que “a inadimplência geral nessas instituições é mais baixa por um efeito de composição”.

Quando a comparação se restringe apenas ao crédito concedido com recursos livres, os números apurados por Pessôa mostram inadimplência mais alta nos públicos do que nos privados. Na hipótese em que a inadimplência do crédito com recursos direcionados é de 1%, o índice de calote nos recursos livres ficaria em 6,8% nos bancos públicos em dezembro, ante 5,2% nos privados.

“Aparentemente, os bancos públicos são menos eficientes do que os privados quando operam com recursos livres”, disse o pesquisador. Ele observa que não é possível afirmar categoricamente que essa conclusão é verdadeira porque os dados divulgados pelo Banco Central (BC) não permitem uma avaliação mais profunda da situação.

Os dados do trabalho de Pessôa englobam, entre as instituições públicas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa de inadimplência de 1% nos créditos com recursos direcionados utilizada na hipótese do pesquisador foi obtida justamente a partir de números dos balanços do BNDES.

Ao final do quarto trimestre de 2012, a inadimplência acima de 90 dias no Itaú estava em 6,9% nas operações para pessoas físicas. No Bradesco, era de 6,2%, e no BB, em 2,6%.

Caixa e BB. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal contestam as conclusões de Pessôa. “A afirmação não procede no caso do BB, que divulga a inadimplência por segmentos de mercado (pessoa física, pessoa jurídica e agronegócios) e em todos eles os índices situam-se abaixo da média do mercado, mesmo considerando apenas créditos livres”, afirmou o banco, em nota.

O BB diz ainda que não teve acesso à metodologia utilizada na pesquisa e está à disposição para analisá-la.

A Caixa diz que a inadimplência no banco “é menor que a do mercado independentemente de serem os recursos livres ou direcionados”.

A Caixa afirma que, considerando apenas créditos com recursos livres, na pessoa física, a inadimplência era de 4,85% em dezembro, enquanto a do mercado para este segmento era de 8%, segundo dados do BC. Na pessoa jurídica, os dados, segundo a Caixa, eram de 1,8% e 3,7%, respectivamente. Por isso, o banco diz que discorda da conclusão do trabalho de Pessôa.

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