Consumidores adimplentes priorizam o pagamento de suas contas pela data de vencimento da fatura, enquanto os inadimplentes optam por pagar primeiro as contas de maior necessidade como água, luz e telefone. Esta é uma das principais conclusões de um desmembramento de pesquisa encomendada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) paratraçar o perfil de consumidores com e sem dívidas no país.
O estudo revela que os entrevistados que estavam com nome sujo responderam em 70% dos casos que as contas atrasadas não são as de pagamentos periódicos, imprescindíveis ao funcionamento da casa. Para a economista Ana Paula Bastos, do SPC Brasil, o fato de os consumidores adimplentes priorizarem o pagamento de boletos de acordo com a data de vencimento indica que eles possuem uma maior organização e planejamento financeiro para evitar atrasos. “Ao passo que os inadimplentes priorizam as contas básicas da casa, porque sabem que o não pagamento implica no corte de serviços fundamentais”, explica.
Faz controle de receitas e despesas?
Embora 20% dos consumidores inadimplentes citem o desemprego como uma das principais causas do atraso nas contas (o índice de desemprego em outubro ficou em 5,3%, o menor para o mês em dez anos, segundo o IBGE), é o impulso e a falta de controle financeiro (citado em 32% dos casos) que impossibilitam o pagamento das contas.
Independentemente da classe social ou do sexo dos inadimplentes, bens não duráveis são os principais causadores deste endividamento: roupas e calçados (62%) são os itens mais citados como responsáveis pelo atraso de contas. Eletrodomésticos (29%) e móveis (14%) também possuem um papel considerável para o endividamento dos inadimplentes.
Apesar da situação financeira em que se encontram, esses consumidores com contas em atraso pretendem aumentar o consumo de bens e serviços nos próximos meses. Segundo o levantamento do SPC Brasil, 55% dos inadimplentes afirmam que pretendem comprar vestuários e calçados nos próximos seis meses e outros 22% pretendem fazer compras parceladas no cartão de crédito. “É uma decisão que pode ter um duplo efeito perverso. Ao invés de utilizar a renda para quitar endividamentos assumidos no passado, eles preferem assumir novos compromissos, que comprometem ainda mais a renda ao longo prazo”, alerta a economista Ana Paula Bastos.
Perfil dos consumidores
As mulheres são maioria entre os consumidores adimplentes. 63% contra 37% dos homens. Para Ana Paula, uma das razões desse fenômeno é que persiste no Brasil uma diferença salarial entre os sexos. “Ainda há um processo de inserção da mulher brasileira no mercado de trabalho e como, em média, recebem menos do que os homens, quando consomem, elas assumem gastos menores e mais fáceis de serem cumpridos”, diz a economista.
Até mesmo entre as mulheres inadimplentes, o tamanho da dívida revela ser menor. Na parcela feminina, a soma das contas atrasadas está na maior parte entre R$ 1.000 e R$ 1.999, enquanto os homens inadimplentes afirmam, na maioria das vezes, terem dívidas na faixa que vai de R$ 2.000 a R$ 3.999.
Renegociação das contas na ponta do lápis:
Embora haja expectativa de que uma parcela relevante dos consumidores inadimplentes assuma mais compromissos de longo prazo, 62% dos inadimplentes pretendem quitar suas dívidas e, para isso, revelam na maior parte dos casos (40%) que a principal maneira será cortar despesas relacionadas ao lazer e gastos considerados supérfluos.
Oito em cada dez entrevistados com contas atrasadas e que demonstram disposição para pagarem suas dívidas preferem renegociar diretamente com o credor. “É a melhor maneira”, garante Ana Paula. “porque diante de um cenário negativo, a iniciativa de negociar dá esperanças ao empresário de pelo menos receber uma parte da dívida atrasada ao mesmo tempo em que cria facilidades para o consumidor, que dependendo da disposição, consegue barganhar descontos e prestações adequadas ao próprio bolso”.
Metodologia da pesquisa:
A pesquisa amostral da SPC Brasil entrevistou 668 consumidores adimplentes e 609 inadimplentes em todas as capitais do Brasil, em outubro de 2012. A pesquisa tem margem de erro de 4% a um intervalo de confiança de 95% e a pesquisa dos adimplentes tem margem de erro de 3,8% a um intervalo de confiança de 95%.
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A pesquisa tem muita importância dentro do cenário econômico hoje no país, com esses dados podemos ter um parâmetro para avaliarmos o potêncial constante de cada perfil por faixa etária com base na média orçamentária, contudo sempre atento pois não dá pra ter de fato uma real segurança na concessão de qualquer credito, haja visto que, o que vale mesmo é a boa intenção de manter um bom histórico de credito. Daí o motivo do credor facilitar a renegociação da divida.
Parabéns, Ana Paula pela matéria.