Amigos leitores, neste ano de 2023, eu chegarei com grande alegria aos 49 anos de idade, muito bem vividos pela minha avaliação, independente dos reveses naturais da vida, e sem dúvida, é possível que este texto não agradará muitos contemporâneos que nasceram na década de 1970 ou antes.
Explico: uma das frases mais utilizadas por esta geração em várias ocasiões remete a um passado de muita alegria, felicidade e valores morais diferenciados. Inclusive, há uma infinidade de “memes” e vídeos circulando em todas redes sociais com esta temática.
“Mas Bira, você não lembra daquela época, como a nossa infância era mais feliz, com brincadeiras na rua e que tínhamos profundo respeito pelos nossos pais e avós?” Posso garantir para vocês que eu e meus irmãos vivemos intensamente nossa infância e adolescência e sempre tivemos profundo respeito pelos nossos parentes, porém, a falta de análise de contexto de época pode, muitas vezes, nos prender somente às coisas boas. Havia uma infinidade de outras coisas que parece que as pessoas querem apagar ou não levam em consideração.
Fazendo um retrospecto do meu passado, posso enumerar muitas coisas que são bem diferentes do que hoje: condições financeiras super precárias, passeios de lazer inexistentes, estudo em escola pública usando um mesmo tênis por dois ou três anos seguidos para todas as atividades, além do fato de que uma família ter um carro era considerado um verdadeiro luxo.
Nas questões sociais, eu presenciei inúmeras vezes, em vários lares, a submissão feminina, pois como o homem deveria ser provedor da casa, tinha que demonstrar, a todo instante, a sua virilidade.
Em grande parte dos ambientes domésticos, o respeito muitas vezes se fazia pela imposição e pelo medo, onde não havia espaço para debater ideias, sendo muito comum, os jovens saírem antecipadamente da convivência com os pais, abandonando as suas casas. Os casais também não se separavam em função do julgamento social, preferindo conviver anos a fio totalmente infelizes.
Também neste passado, os meninos não podiam chorar e demonstrar qualquer emoção que se traduzisse numa fraqueza aparente.
E o acesso à informação e aos acontecimentos do mundo? Era restrito a cinco canais de TV aberta, jornais impressos e estações de rádio. Quem realmente não tivesse um critério na qualidade da informação, era facilmente manipulado no seu comportamento, diferente do que se fala de hoje.
Como pai de uma adolescente de 16 anos, posso garantir a vocês que ela não teve a mesma liberdade que a minha de brincar na rua, mas ela cresceu num ambiente doméstico onde sempre houve muito diálogo e numa sociedade mais realista, em que ninguém faz algo se realmente não quiser. O poder de dizer “não” para várias situações é muito maior.
“Mas Bira, essa juventude é muito mimimi!” Como já escrevi em outro texto aqui mesmo no blog, cujo título é “A culpa da ‘geração mimimi’ não é da ‘geração mimimi’”, continuo afirmando com muita tranquilidade que essa culpa é da minha geração, que quis proteger exageradamente os filhos da realidade da vida, tentando blindá-los das experiências de precariedade do passado, tornando-os frágeis no relacionamento social.
Diante disto, fica aqui o convite para reflexão para todos aqueles que hoje são líderes de pessoas jovens. Tenha vontade de ensinar e direcionar o caminho, pois com certeza, você será muito retribuído. Eles necessitam de um apoio que talvez não tiveram em seus lares.
Por fim, para mim, todas as épocas são boas e ruins ao mesmo tempo. Tudo vai depender de como você direciona a sua vida.
Abraços e até a próxima!
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