Por: Tatiane Bortolozi

O setor de call center espera um ano de receitas menores, perda de rentabilidade e menos empregos, diz Lucas Mancini, presidente do Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark). Ele estima que o ano passado tenha chegado ao fim com uma retração de receitas de 10% a 15%. “A tendência é que a queda se mantenha neste ano, pelo menos na mesma intensidade”, afirma.

Há cerca de duas décadas, o setor vinha trabalhando com rentabilidade perto de 10%. A margem caiu para 5% em 2015 e pode se aproximar de 4% neste ano, diz Mancini. O reajuste do salário mínimo nacional em 11,67% neste ano, para R$ 880, tem impacto relevante. “Com a economia encolhendo, aumentar os custos acima da inflação para quem contrata o serviço só mesmo abrindo mão da rentabilidade.”

Se a empresa admitir pagar o salário maior, a contrapartida pode vir na redução das posições de atendimento (PAs). “As faturas que eram pagas em 30 dias, agora são quitadas em 60 dias. As que tinham prazo de 60 dias, passaram a 90 dias. As empresas que não estão capitalizadas não têm como financiar a mão de obra.”

O setor de call center emprega mais de 1,5 milhão de pessoas no país, sendo a porta de entrada profissional para 30% delas. Segundo Mancini, é difícil calcular a variação de empregos, mas de setembro a dezembro foi percebido que a rotatividade diminuiu.

O sindicato sugere que grandes clientes, como teles e bancos, aumentem o atendimento eletrônico por software para amenizar a pressão de custos com o reajuste salarial. A principal preocupação é que acelerem as demissões e troquem as operações em São Paulo por regiões que oferece benefícios fiscais e trabalhistas mais agressivos, como o Nordeste.

Maior empresa de call center do país, a Contax passa por uma reestruturação. A empresa alongou o prazo de vencimento de debêntures em cinco anos, para 2021, segundo fato relevante publicado na terça-feira.

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